MEO Kalorama – Dia 2: LCD Soundsystem foram perfeitos e Jungle cumpriram

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Estamos preparados para o último dia.

Texto de: Maria João Cavadas; Fotos de: Hugo Moreira/Guilherme Gomes/Rodrigo Simas/Rita Seixas/Lucas Coelho

Naquele que foi o segundo dia de festival, a maior afluência de pessoas era notória e a dinâmica no recinto contrastava significativamente com a do primeiro: filas maiores, fosse para as casas-de-banho ou para a comida, e menos espaço para circular. Num dia com vários nomes chamativos, era indiscutível serem os LCD Soundsystem quem havia movido mais massas. Com o concerto da banda nova-iorquina marcado para a meia-noite, tínhamos muitas horas para aproveitar.

Debaixo de um forte calor, era a vila-realense emmy Curl quem estreava o Palco San Miguel neste dia. No público, ainda que tímido, já se viam algumas pessoas com vontade de dançar ao som do folclore transmontano de Catarina Miranda, cujo último álbum, Pastoral, saíra em abril deste ano.

Apesar da hora, já que é sabido que o final de tarde está longe de ser o pico de afluência de pessoas num festival de música, o Palco MEO, palco principal, estava muito composto. Mas isso não nos parece surpreendente: estávamos ali para ver e ouvir Olivia Dean, a jovem artista neo soul que conta já com uma lista de prémios que a colocam na posição de artista em ascensão. E que bonito que foi. À voz imaculada de Olivia e à sua banda completa juntaram-se os seus sorrisos honestos, os seus pequenos desabafos e as explicações simples mas emocionais de alguns dos seus temas. Com apenas um álbum de estúdio editado, Messy (2023), e alguns EPs, a artista britânica conseguiu o line-up perfeito e ficou surpreendida com a energia e a dedicação do público nesta que foi a primeira vez da artista a tocar em Lisboa. Daquele álbum, foi com “UFO” que se muniu de uma guitarra, e foi ao piano que nos presenteou com “I Could Be A Florist”, uma balada cujo único defeito é ser tão curta. Depois de um concerto tão belo em todos os sentidos, temos a certeza de que não faltará muito tempo para que regresse ao nosso país.

Algum tempo depois, no mesmo palco, começava uma das maiores atrações da noite: Jungle. De regresso a Portugal, após terem lançado Volcano (2023) e uma década depois da sua formação, a banda de Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland conseguiu a conjugação perfeita entre as suas produções mais recentes e os seus temas mais clássicos. Do seu último álbum, poucos temas ficaram por escutar. De “Back On 74”, o single mais conhecido, “I’ve Been in Love” e “Candle Flame” a “Busy Earnin’”, “The Heat” e “Time”, clássicos de Jungle (2014), o seu álbum de estreia, passando por “Casio”, de For Ever (2018), e encerrando o concerto com “Keep Moving”, de Loving In Stereo (2021), Jungle transformaram aquela parte do recinto do MEO Kalorama numa autêntica pista de dança. Mas isso não é novidade para quem já os viu. Por isso, uma coisa é certa: a banda cumpriu.

No recinto, sentia-se e vivia-se, então, uma mistura de confusão de pessoas com antecipação e entusiasmo pelo grande concerto que se seguiria. A verdade é que estavam (quase) todos ali para o mesmo. E, se as expetativas eram altas, ninguém saiu desiludido. Pelo contrário, houve quem tivesse sido positivamente surpreendido. Os LCD Soundsystem provaram que não é preciso estar sempre a inovar ou a criar para se ser relevante (recorde-se que o último álbum do grupo data de 2017). Num concerto mágico, com poucas pausas para descansar, a banda de James Murphy deliciou os milhares de fãs que ali estavam. Num cenário simples, com uma bola de espelhos em destaque, o vocalista recordou o primeiro concerto da banda em Portugal, há 20 anos, no Lux. “Us v Them”, de Sound of Silver (2007), foi a banda sonora do nosso aquecimento, e deu o mote para a festa que ali se faria. De This Is Happening (2010), não faltaram “I Can Change” e “Dance Yrself Clean”. Foi com “Tribulations”, de LCD Soundsystem (2005), o seu álbum de estreia, que gritámos em uníssono “Everybody makes mistakes” enquanto os nossos corpos pareciam querer mexer-se sozinhos. Para desgosto de alguns, a banda saltou “Daft Punk Is Playing At My House”, mas as escolhas da banda não foram, certamente, aleatórias. Não fosse isso verdade, não teríamos os veredito unânime de que este concerto foi perfeito. A dois temas de terminar, James Murphy emocionou-nos com “New York, I Love You but You’re Bringing Me Down”. E, sem surpresas para ninguém, a banda despediu-se com “All My Friends”, que contou com energia, saltos e abraços entre o público.

Estamos preparados para o último dia.

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