Só quem nasceu no mar, como a MSC Cruzeiros, para proporcionar uma experiência turística inesquecível e (cada vez mais) na moda: a viagem de cruzeiro.
Este artigo destina-se a leitores como eu: que nunca experimentaram fazer um cruzeiro, mas andam a ponderar seriamente essa hipótese. E também, claro, para aqueles que já o(s) fizeram e querem recordar certos tópicos da experiência.
Se, em certa época, a expressão «ir numa viagem de cruzeiro» só se tornava realidade para alguns (entenda-se, com hábitos mais burgueses), atualmente assiste-se à massificação deste fenómeno, com todos os estratos sociais e etários a acederem com relativa facilidade a este tipo de experiência: o turismo de entretenimento baseado na viagem marítima e no périplo por grandes cidades e paisagens paradisíacas.
É sabido que a MSC (Mediterranean Shipping Company) rivaliza com outras empresas do setor, oferecendo pacotes de viagem globalmente muito bons, com excelente relação qualidade/preço e, muito importante, o máximo de exigência em matéria de segurança. Aliás, no seu sítio oficial, a empresa alega ser a que dispõe atualmente do maior número de navios no mar. É tudo maravilhoso? Isso, possivelmente, não. Mas vejamos cada aspeto a seu tempo.
Comecemos por aquilo que os turistas querem ver esclarecido: viagens, preços, condições, características dos navios e qualidade dos serviços disponibilizados a bordo. Fá-lo-emos com base na experiência própria mais recente, que se reporta ao navio Orchestra, pertencente à série Música, consignado aos itinerários pelo Mar Mediterrâneo, construção de 2006, inaugurado em 2007, capacidade total para 3223 pessoas, contando com 1014 tripulantes, 293 metros de comprimento por 32 de largura. Impressionante? Sem dúvida.
Se olhar para um destes hotéis deitados na água vos faz pensar no Titanic (mais no filme do que no navio), deixem-se disso. Navios como o Orchestra, um Master of the Seas ou um Symphony of the Seas – ambos da Royal Caribbean – ou o recente (e enorme) MSC Euribia são portentos da engenharia, ou seja, são extremamente seguros. Primeiro, pela sua construção, pensada para ter o máximo de estabilidade. Segundo, por todas as medidas de segurança em matéria de equipagem e procedimentos de emergência de cada navio. Em terceiro, pela experiência da tripulação empregada a bordo (se a tão aclamada Noite do Capitão serve para alguma coisa, é para tranquilizar quem dele depende). Os preços são tentadores, e esse é um dos pontos fortes desta indústria do turismo e do entretenimento que nos leva para fora do porto em direção a outras paragens sem termos de apanhar aviões nos pontos intermédios nem mudar de hotel, com as bagagens sempre atrás. Um pacote de cabine dupla (com possibilidade para dois beliches que estão disponíveis nos painéis parietais do quarto) já com taxas, gorjetas e duas excursões incluídas (por exemplo, Roma-Civitavechia e Florença) pode ficar, se for em época dita baixa, na fasquia dos 600€ por adulto. Claro que têm de contar com extras, como pacotes de bebidas, comprados a bordo, serviços pagos do navio (SPA, por exemplo), entradas para museus e outros, nos pontos turísticos de destino, e outras excursões que pretendam adquirir.
Embarcar foi extremamente cómodo e fácil. Mas as medidas de segurança passam por nós, sem causarem demora nem incómodo, sendo executadas por seguranças bastante assertivos que levam muito a sério aquilo que fazem. Há uma fotografia de identificação individual que é conferida em cada momento de embarque ou desembarque; nem gorros, nem chapéus, bonés ou óculos escuros são admitidos em nenhum desses momentos de verificação. Tal como nos aeroportos, há que passar malas, mochilas e dispositivos por detetores, além do próprio, claro. Concluída a etapa do check-in, as bagagens, que entretanto foram deixadas no serviço portuário, com funcionários da companhia, são, depois de umas horas, colocadas à porta da nossa cabine.
Segue-se a sessão dos procedimentos de segurança a bordo e de viagem, feita no anfiteatro, um dos espaços sociais mais amplos destes navios, em geral, com este já a zarpar. A partir daqui, começa uma experiência inesquecível.
Os navios da MSC são autênticos hotéis de cinco estrelas sobre ondas. Constituído por cerca de dezena e meia de decks (pisos), este edifício portentoso revestido de varandas acrílicas permite realizar uma viagem de sonho, sobretudo nas cabines exteriores (ter um quarto num navio com vista é sem dúvida outra coisa…).
Além da sua densa planta acomodatícia, com vários corredores que atravessam o navio no seu âmago ou pela periferia, e de saídas de emergência, este tipo de embarcação conta com sofisticados bares, restaurantes chiques, um enorme buffet, piscinas e jacuzis, amplas varandas e um circuito de manutenção, bares de apoio à fruição da piscina e esprigaçadeiras e mobiliário de exterior com fartura. Conta, também, com um ginásio e um centro de SPA, uma pequena (para)farmácia, um centro médico, o anfiteatro, com plateia e balcão, salas de jogos e, claro, como não podia deixar de ser, o casino. Existem, além do mais, diversas lojas (embora no Orchestra, especificamente, sejam em número reduzido comparativamente com outros navios da MSC), como perfumarias, ourivesarias e boutiques. No coração da noite, há uma programação de espetáculos de diversão, com muita música, cor e brilho. As equipas de entretenimento esforçam-se ao máximo para reinventar a diversão a bordo dos navios, oferecendo ao público um espetáculo diferente a cada noite, desde música, dança, canto e números com artistas bailarinos e acrobatas. A qualidade tem vindo a subir, com espetáculos e artistas de grande talento, que fazem longas temporadas a bordo.
O navio dispõe de elevadores que, além das escadarias frontais respetivas, servem o navio a cada quarto de secção da respetiva planta (além de elevadores, escadas e acessos destinados à tripulação).
Existem pontos de atendimento muito cómodos com vários funcionários disponíveis a toda a hora, entre eles, o serviço de receção do navio e um balcão da agência de viagens. Os passageiros dispõem de vários terminais de carregamento do cartão de crédito disponibilizado pela Companhia, que funciona também como chave de cabine, pois a bordo não se usa dinheiro; no final serão feitos os devidos acertos, aquando do check-out.
Quanto ao pessoal de bordo da MSC podem ter a certeza de duas coisas: estão (bem) preparados para vos fazerem sentir os clientes mais especiais do mundo e vocacionados para comunicar na língua que for preciso, em todos os serviços e áreas que visitarem. Funcionários dominam o italiano, o francês, o castelhano e português (existem vários portugueses e brasileiros, e em número crescente, entre o pessoal do navio), enquanto outros falam e entendem o alemão, o norueguês, o inglês. Se são portugueses encontrarão, na noite de véspera, os documentos essenciais na língua materna: instruções de segurança, diários de bordo (com pertinentes informações náuticas – direções, velocidade, trajeto do navio), bilhetes das excursões (se os tiverem comprado previamente, o que se recomenda), instruções de embarque/desembarque. Já nos restaurantes, não encontrarão o português nem na variante europeia nem americana, mas tão-somente, se preferirem ao inglês, menus em espanhol.
Por falar em menus, a qualidade do buffet e do serviço de restaurante na MSC é notória. No buffet, comida à descrição, desde as 6 às 2h da manhã. Basta caminhar em redor do navio e irão encontrar uma oferta de menus, logo ao pequeno-almoço e depois às refeições principais, com a paparoca distribuída por zonas: massas e pizzas, hambúrgueres, batatas fritas e salsichas, para os mais novos (a quem os pais não imponham restrições nutricionais), carnes várias e diversos acompanhamentos, peixes grelhados/estufados e respetivos acompanhamentos, as comidas nacionais (por vezes, algum sushi) e regionais deliciosas, como couves picantes de tipo indiano, caris, a hispânica ‘paella’, e muitos tipos de salada e de frutas à discrição, em pequenos buffets intermédios que funcionam como pequenas rotundas, para facilitar a circulação. Já a secção de ‘desserts’, apresenta-se um pouco tipificada nas sobremesas de gelatina e chantilly sobre pão de ló, não deixando de haver pontualmente algum ‘crumble’ de maçã e bolos à fatia, um pouco mais atraentes.
De manhã, claro, não faltam nem o croissant nem a panqueca ou a waffle com molhos doces para escolher. Bebidas, são a pagar, excetuando as dos dispensadores (água, café aguado de tipo americano, chás, sumos de máquina).
Depois, nos restaurantes, a experiência é necessariamente mais requintada. Note-se que o pacote da estadia inclui geralmente, no mínimo, um restaurante de livre acesso, ou seja, grátis. Aí acederão com hora de turno e mesa próprios, encontrarão um menu com assinatura de chef, por exemplo, com ótimos carpaccio nas entradas, apuradas carnes e sobremesas que não estão disponíveis no padrão de série do buffet.
Pacotes de bebidas e a internet do próprio navio são pagos à parte. Se dispensarem esta regalia, acautelem-se e vejam previamente com a vossa operadora as condições de dados em ‘roaming’, para não ter surpresas. Nesta questão em particular, salientar que há vários momentos, mesmo quando parece que estamos demasiado longe de alguma terra, que se consegue apanhar rede móvel. Aí, caso o vosso pacote o permita, podem sempre navegar um pouco na Internet… até que a rede se perca novamente. Mas eventualmente, terão muitos momentos em que o vosso smartphone não apanha qualquer rede – não se assustem, é perfeitamente normal. Nota: caso apanhem rede móvel de Malta, jamais ativem os dados móveis… caso contrário terão uma (péssima) surpresa.
Feliz ou infelizmente, a perfeição não existe. Como tudo o mais que o Homem faz, há sempre impactos a considerar. A MSC é uma das companhias de navegação turísticas com provas dadas de que leva muito a sério o que se diz a respeito da pegada ambiental deste tipo de turismo que sobrecarrega os portos e partilha, por recreio e capricho humano, com muitas espécies em dificuldades as águas que são de todos.
A MSC tem transmitido em comunicações recentes a sua preocupação com a pegada ambiental. Além da criação da Fundação MSC, que sustenta com a duplicação dos donativos dos clientes, projetos educacionais e ambientais em vários pontos do mundo, uma medida anunciada e implementada foi a construção de novos navios, como, por exemplo, o MSC Euribia. Este dispõe de uma orgânica de energia limpa, graças a avanços tecnológicos consideráveis, que lhe permite, entre outras vantagens, carregar baterias quando atraca ao porto, tal como qualquer automóvel elétrico ligado ao posto carregador. Esta tecnologia reduz as emissões de carbono, hoje em dia um fator de aquecimento dos oceanos, e implica um novo modelo de funcionamento do próprio navio e dos mecanismos que o regem. Há, obviamente, quem aponte o relativismo da solução, olhando para a portentosa dimensão deste hotel marítimo e do que exige a sua manutenção. Mas esta e outras dúvidas têm de ser enquadradas, a nosso ver, no próprio curso da evolução humana: a preferência por veículos automóveis elétricos ou híbridos, de utilização pessoal, por exemplo, não é preferível aos transportes públicos disponíveis… As viagens de avião são outro exemplo da escalada imparável da procura por uma mobilidade rápida, (mais ou menos) prática, mas altamente poluidora. Um mapa que registe a quantidade de voos diários a cruzar o espaço aério europeu e o Mediterrâneo mostra um enxame tão denso que não deixa ver uma nesga do continente e apenas pouquíssimas porções de mar. Se pensarmos que cada avião, para descolar, leva em média um camião-cisterna de combustível, a ferida ecológica global imputável à mobilidade individual, seja ela por razões mais prementes ou apenas de recreio, fica mais ou menos estampada a contra-luz do que são as bandeiras ambientais que todos praticamente sem exceção defendemos.
Outra questão, igualmente muito falada e pertinente, são as condições de quem trabalha a bordo: quando interrogado informalmente sobre o assunto, nenhum funcionário se mostrou desconfortável ou descontente com a sua carreira na MSC, desde cozinheiros, passando por assistentes de cabine, até a anfitriões e diretores de cruzeiro. Tal como qualquer marinheiro, no seu discurso assinalam a relação especial com o mar (que, embora mais provisoriamente, os turistas sentem também): o navio passa a ser a nossa casa e, enquanto navegantes, todos lhe pertencemos e experimentamos a atração misteriosa dos mares e do respeito que estes nos merecem. No fim das contas, nós, turistas, sentimo-nos bastante seguros, pela robustez do navio e o sentido profissional superior de quem o governa, assim como os que lhe pertencem sentem o esforço e profissionalismo compensados pela remuneração que, segundo referem, está francamente acima da média comparativamente com ocupações de terra que tiveram anteriormente e que não lhes abriram um horizonte de desenvolvimento profissional como aquele proporcionado na MSC. É preciso perfil, caráter, resitência? É. Mas, para quem só está a viajar, também. Sete dias de excursões, com uma visita diária a uma cidade ou local turístico em média, mais um dia e meio de navegação, é uma experiência inaugural marcante, para novatos; se acrescentarmos mais dias de viagem, entre os dez, os quinze ou mais (e acrescente no preço também, está claro), contando com mais paragens, mais excursões e mais uns dias só de navegação, consoante os destinos e os mares, então, aí, passa a marinheiro sénior.
Em suma, para vocês, que optam pelo turismo de mar, que anseiam pela experiência de acordar a cada dia numa cidade diferente, noutra parte do mundo, com a MSC têm garantida uma viagem inesquecível e de muito boa qualidade, sabendo, claro, que a decisão e escolha consciente, essas são sempre vossas.
Nota: Esta viagem não foi oferecida pela MSC Cruzeiros