A IP parece não ter pressa.
A 4 de outubro de 2021, foi publicado em Diário da República um Concurso Público Internacional para a contratação do Projeto e do Estudo de Impacte Ambiental para Quadruplicação da Linha de Cintura – Roma/Areeiro – Braço de Prata, e para a Modernização da Linha do Norte – Braço de Prata – Sacavém.
Desenvolvido no âmbito do Plano Nacional de Investimentos (PNI2030), este investimento pretende aumentar a capacidade operacional do sistema ferroviário, melhorando as condições de mobilidade, permitindo assegurar mais rapidez e maior número de comboios ao dispor dos milhares de passageiros que utilizam o transporte ferroviário nas suas deslocações diárias dentro da Área Metropolitana de Lisboa.
O Projeto envolve a execução de intervenções numa extensão total de cerca de 15,5 quilómetros e engloba:
- A quadruplicação da Linha de Cintura, entre as Estações de Roma/Areeiro e de Braço de Prata;
- A modernização da Linha do Norte entre as Estações de Braço de Prata e de Sacavém, incluindo a reformulação integral do diagrama de via da Estação do Oriente, com inserção de mais 3 vias;
- Construção de novas Estações em Chelas/Olaias e em Braço de Prata e do novo Apeadeiro de Marvila, adequadas aos novos serviços ferroviários e que asseguram melhores condições de segurança, conforto e acesso aos utilizadores. A Estação em Chelas será dotada de uma interface com a Estação de Metro das Olaias;
- Criação de seis novas Obras Arte Ferroviárias (três Pontes, um Viaduto e dois Túneis);
- Substituição integral dos sistemas de catenária na Linha de Cintura e na Linha do Norte;
- Construção das infraestruturas de suporte à componente de Sinalização e Telecomunicações.
Estas intervenções permitirão o aumento do número de comboios nas Linhas de Cintura, do Norte e de Sintra, em particular dos suburbanos, regionais e de longo curso. A concretização destes investimentos visa criar condições para a implementação de novos serviços de Alta Velocidade entre Lisboa-Oriente e Porto Campanhã.
No entanto, parece não haver pressa em realizar esta obra, mesmo tendo em conta que tal empreitada fará com que a Fertagus passe a poder ir até à Gare de Oriente. De acordo com o que a IP – Infraestruturas de Portugal disse ao Público (acesso pago), a quadruplicação da linha entre as estações de Roma/Areeiro e Braço de Prata não tem calendarização definida. “O projeto de execução, bem como o processo de avaliação de impacto ambiental, deverão estar concluídos até final de 2025, seguindo-se o lançamento do concurso da empreitada de construção civil”, mas o término da obra apenas “ocorrerá no âmbito do Plano Nacional de Investimentos 2030”.
Além disso, e de acordo com a mesma fonte, este projeto já contemplará a construção de uma nova travessia ferroviária do Tejo em Lisboa, num investimento com maior impacto positivo nas ligações de Lisboa ao Alentejo e Algarve. Trata-se, porventura, da peça mais importante em falta na rede ferroviária nacional, já que é aquela que permite atenuar o efeito do Rio Tejo como principal obstáculo à mobilidade entre todo o Sul e Lisboa, sem esquecer o Centro e Norte do País. Sendo um investimento localizado na capital, tem um grande efeito na coesão territorial do país como um todo.
O desenvolvimento da nova travessia ferroviária do Tejo já foi extensivamente estudado, estando consolidada a opção por um alinhamento entre Chelas, na margem Norte, e o Barreiro, na margem Sul. Este alinhamento teria inserção na Linha de Cintura e na Linha do Norte, na zona de Braço de Prata, Lisboa, e na Linha do Alentejo, na zona do Lavradio, Barreiro, permitindo, além dos serviços de longo curso, a criação de novos serviços suburbanos.
A travessia existente, pela Ponte 25 de Abril, tem já algumas limitações de capacidade, resultantes, em parte, da sua inserção na Linha de Cintura. Além disso, do ponto de vista dos serviços de passageiros interurbanos, implica um tempo de trajeto nunca inferior a 42 minutos entre Lisboa Oriente e a estação do Pinhal Novo, ainda dentro da Área Metropolitana de Lisboa.
Com a nova travessia, este tempo encurta-se para cerca de 15 minutos, o que significa encurtar em cerca de 30 minutos todas as ligações de Lisboa ao Alentejo e ao Algarve, bem como aumentos de frequência dos serviços.