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A franquia deu o salto que precisava, apresentando-se com o jogo mais completo e diverso até à data.

Quando a Electronic Arts adquiriu a Codemasters, ficou sempre a dúvida no ar sobre o que viria a ser do futuro de um jogo cujo foco primário sempre foi ser um simulador de condução. E na última edição do mesmo produzida exclusivamente pela Codemasters (F1 2021), parecia tudo muito bem encaminhado aquando da introdução do modo cinemático Braking Point e com inúmeras melhorias noutros modos, como o de carreira, que viu ser introduzido o modo de carreira cooperativo.

Para dar um contexto a quem não jogou esse jogo e está a pensar comprar este, com Breaking Point, fomos colocados na pele de dois pilotos fictícios da mesma equipa (Aiden Jackson e Casper Akkerman). Ao longo de vários capítulos, foi contada a história que colocava em confronto os sentimentos de Casper, um piloto de renome em fim de carreira (ainda sem o aceitar) e o início de carreira de Aiden, um piloto que procurava afirmar-se como uma promessa, enquanto competia com Devon Butler, o antagonista da história.

A narrativa foi tão bem construída e as personagens tão bem desenvolvidas, enquanto cambaleávamos entre as cinemáticas e partes onde éramos nós a pegar no volante para cumprir determinado objetivo da etapa em causa, que o Braking Point foi deveras marcante. Escusado será referir o quão grande foi a desilusão quando no primeiro jogo sob a alçada da Electronic Arts o Braking Point deixou de existir e, em troca, tivemos um modo de jogo paupérrimo e sem qualquer assunto dado como “F1 Life” e super carros (que não tem grande interesse neste jogo).

Em EA Sports F1 23, o Braking Point está de volta e diria que, apesar da narrativa (no ponto de vista da 7ª arte) não ser tão emocionante ou marcante e chegar até a ser um bocado previsível, as cinemáticas estão absolutamente fabulosas e o modo em si está melhor desenvolvido. Desta vez, temos objetivos procedidos de sub-objetivos mais desafiantes, temos mais tempo de condução e mais envolvimento com a história. Somos colocados na pele de mais intervenientes para além dos pilotos, onde tomamos decisões que, supostamente, deveriam impactar o rumo da história de alguma forma – que duvido que aconteça.

Com o nosso desempenho durante as corridas e respostas que damos em entrevistas ou reuniões subimos de nível de performance e reputação, que desbloqueiam novas respostas. Para além disso, no menu entre corridas/cinemáticos, podemos receber chamadas e observar conversas que complementam a história. Temos também acesso a notícias, comentários nas redes sociais e e-mails que vão de acordo com o que fazemos ou decidimos – sendo que tudo isto varia com base na personagem que estamos a “controlar” nesse momento.


Fazendo uma pequena análise da evolução deste modo, diria que foi ligeiramente positiva. De um lado temos as cinemáticas brutais, mais objetivos e o tempo que temos de intervenção é maior. Do outro lado temos muito “barulho” que consome tempo e não acrescenta muito à experiência. Nesse barulho incluem-se a subida de nível de performance e reputação, que aparenta ser irrelevante para o efeito que tem; o acesso a notícias, redes sociais e e-mails não serve de muito pois não tem influência na história, nem nós podemos interagir com isso; e as chamadas que vamos recebendo é uma forma pouco interessante ou interativa de complementar os momentos cinemáticos.

Todas estas ideias e funcionalidade são interessantes, mas apenas se forem melhor exploradas. A verdade é que, para já, não funcionam como esperado, tanto que, ao fim de alguns capítulos, deixei de consultar o que quer que seja no menu. Passei apenas a responder ao calhas às entrevistas – escolhendo respostas que melhorassem a performance e reputação só porque sim – e a desligar chamadas assim que a conversa aparentasse ser de ocasião. A maior vantagem de jogar este modo, para além dos pontos positivos que referi acima, é mesmo receber XP geral para o podium pass, que vai desbloqueando alguns itens interessantes.

Para além do Braking Point, que é o grande destaque do jogo, há ainda algumas coisas a falar, porque houve mais mudanças na base do mesmo.

De todas as mudanças, nenhuma foi maior do que a da interface, que tem todo num novo aspeto. O menu surge agora em forma de lista, devidamente organizado, mas com uma exceção sobre a qual vou falar de seguida, pouco mudou de sítio. Com esta nova reorganização, deixou de existir acesso direto aos modos de jogo simples de Grand Prix e Time Trial (o modo que jogo com mais frequência). Agora temos de entrar em “F1 World” (que é basicamente o F1 Life, mas redesenhado), seguido de “Play” e andar quase o máximo para a direita. Suponho que (como esperado), como F1 Life funcionou tão mal por ser desinteressante e sem qualquer objetivo associado, esta foi a forma de chamar à atenção dos jogadores para interagirem mais com ele – sendo obrigados a passar por lá, para chegar a modos de jogo simples – quer offline, quer online.

Em contrapartida, é essencial referir que F1 Life, agora F1 World, passou a ser um modo funcional e com um propósito de existir, afirmando-se como a central principal do jogo, que compila praticamente todos os modos competitivos do jogo, com exceção de Braking Point e do modo Carreira (no qual pouco mudou) – series, solo & multiplayer events, ranked multiplayer, goals, grand prix e time trial está tudo dentro de “F1 World”.


A garagem, onde anteriormente guardavam super-carros que não tinha utilidade para além da estética, agora é onde se encontra o vosso carro personalizável de Fórmula 1, com o qual vão competir em “series”. Completando desafios, recebem-se itens que podem ser usados para melhorar o carro (wings, power unit, gearbox e brakes) ou a equipa (sponsor, R&D head, principal e strategist). Todas estes upgrades vão resultar num boost específico ao carro durante as corridas e podem ser alterados ou melhorados ao longo do vosso percurso, aumentando o vosso “Tech Level” em simultâneo, que por sua vez vai desbloquear novos eventos.

No centro das novidades estão os dois circuitos mais recentes (e ambos polémicos): Las Vegas, por ser mais um circuito urbano, e Catar (Losail, que já anda pelo MotoGP há alguns anos), por ser mais um circuito numa zona que já contava com três. Em todo o caso, ambos os circuitos são prazerosos conduzir, principalmente o de Las Vegas, durante a noite.

Falando em condução, agora é possível definir 35% de distância de corrida, de forma a otimizar o máximo de tempo na pista sem ter de fazer paragem para mudança de pneus (idêntico ao formato de sprint race, portanto). Também foram introduzidas as famosas bandeiras vermelhas, aproximando ainda mais esta franquia de toda a ação que acontece na realidade durante os grandes prémios.

Enquanto a nível de condução parece não haver mudanças percetíveis (coisa que também não era precisa), a nível gráfico o jogo continua a evoluir a olhos vistos, principalmente numa área que sempre critiquei, que é fora da pista – mais concretamente na pit-lane e no paddock.
No que tocas aos carros e pilotos, diria que estão o mais realista que já vi, sendo a perceção de movimento dos caros face à mudança de direção a mais natural e fluída até à data.

Por isto e muito mais, EA Sports F1 23 é um grande passo na direção certa. Ainda que não seja fã da nova interface, por não me ser conveniente para jogar o que sempre jogo (tenho de navegar em mais menus para lá chegar), considero-a melhor que a anterior. Principalmente devido ao desenvolvimento da secção F1 World, que traz mais conteúdo e que certamente vai satisfazer um maior número de jogadores. Claro que há pequenas otimizações que podem tornar essa secção mais agradável à vista e mais intuitiva, mas tem que se começar por algum lado.

Numa altura em que a Fórmula 1 está a atingir novos picos de popularidade, a Electronic Arts & Codemasters conseguiram lançar o jogo mais acessível e entusiasmante da franquia para novos fãs. Para os fãs mais antigos, ainda que fique a sensação que há muita tralha, o que havia de essencial continua tudo disponível e mais organizado. Por tudo isto, diria que este é um jogo feito a pensar em todos os tipos de jogadores e é, também, o jogo mais imersivo da franquia até à data.

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Cópia para análise (versão PlayStation 5) cedida pela Electronic Arts.

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