Milhares de potterheads encheram a sala para rever o filme. Houve claramente magia negra envolvida na produção do evento.
No passado sábado, o Altice Arena recebeu o cineconcerto de Harry Potter e o Príncipe Misterioso, o sexto filme da saga projetado num ecrã de 20 metros de largura por 8 metros de comprimento acompanhado ao vivo pela Orquestra Filarmónica das Beiras, que tocou a banda sonora composta por Nicholas Hooper ao longo de cerca de duas horas e meia. Confessamos que também nos inserimos nessa categoria, e como tal, estivemos presentes no evento organizado pela Lemon Live Entertainment e Música no Coração.
As portas do Altice Arena abriram perto das 19 horas para receber os milhares de potterheads que foram chegando durante a tarde e ao início da noite e que encheram a plateia e os balcões do espaço. A abrir o espetáculo esteve o produtor/maestro Justin Freer, que deu as boas vindas aos presentes num português com um sotaque americano. Os fãs foram desafiados a aplaudir as suas personagens preferidas – resultando em imensas palmas batidas, até aos vilões… – e a ligarem as lanternas dos telemóveis na cena em que – alerta de spoiler para quem nunca viu o filme ou leu o livro – Albus Dumbledore morre.
A verdadeira magia estava em cima do palco, onde os músicos ofereceram um concerto fantástico. O maestro, munido das suas próprias varinhas, conduziu a orquestra numa viagem nostálgica por uma das melhores bandas sonoras da história do cinema.
Porém, nos últimos cineconcertos de Harry Potter em que estivemos presentes, já nos tínhamos apercebido que, por vezes, a música tocada pela orquestra sobrepõe-se ao áudio do filme, e tal voltou a acontecer. Isto faz com que, durante alguns segundos ou minutos, não dê para ouvir as personagens. Contudo, não é um problema tão grande assim, considerando que os verdadeiros fãs sabem as falas de trás para a frente e acompanham os atores em tempo real.
No que diz respeito ao filme e ao concerto, o evento é, sem dúvida, uma experiência fantástica que qualquer potterhead deveria ter, pelo menos, uma vez na vida. No momento do filme em que as personagens levantam as varinhas em homenagem a Dumbledore, o Altice Arena iluminou-se com milhares de lanternas ligadas, como se de varinhas se tratassem, num momento mágico e arrepiante. No entanto, a organização do evento deixou muito a desejar. Suspeitamos que tenham sido atacados por dementors ou vítimas de um feitiço Confundus.
A organização foi vítima de magia negra
A multidão que encheu o Altice Arena mostrou que milhares de fãs portugueses do mundo mágico de J.K. Rowling continuam a querer reviver toda a magia, apesar das recentes polémicas com a autora, porém aconteceu algo que nunca deveria ter acontecido.
A sala cheia fez com que dezenas de pessoas tivessem que ficar sentadas no chão, mais propriamente no Balcão 2, o balcão mais alto do espaço onde os lugares não são marcados. Os “lugares” no chão eram de frente para o palco, mesmo no topo do Altice Arena. Nesse grupo de pessoas estávamos nós. Todavia, o problema não estava no chão, mas sim nos corredores.
Cerca de 20 minutos após o início do filme, as várias dezenas de pessoas sentadas no chão – reforçamos que estavam a ver e a ouvir com um sorriso na cara – foram mandadas levantar por seguranças e encaminhadas para os corredores externos à sala. Ao que parece, estar sentado no chão é proibido, porém isso ocorreu por terem sido vendidos mais bilhetes para o Balcão 2 do que os lugares que estavam disponíveis, como foi ouvido por nós dito por um segurança. Inicialmente foi-nos informado que iriam procurar lugares vagos e que grupos ali presentes dificilmente iriam ficar juntos.
Ficámos durante largos minutos em pé no corredor de acesso aos balcões, sem poder ver qualquer cena do filme que fosse, apenas a ouvir a orquestra a tocar. O drama que estávamos a viver foi acompanhado pela Orquestra Filarmónica das Beiras, que nos fez soltar em uníssono um “oooh” quando tocou a “Hedwig’s Theme”, a música principal da saga. Esse momento fez com que nos deixassem entrar para o corredor de acesso ao Balcão 1, mas, mais uma vez, não nos foi possível sentar. A relação entre a música e a ação dos seguranças? Como nos foi dito: “Ouvimos dizer que este é um dos melhores momentos do filme, e assim podem ver.“
Certo é que não dava para ver nada – éramos várias dezenas de pessoas, relembramos – e toda a gente trocou momentaneamente o filme pelas redes sociais, provavelmente para partilhar este triste episódio.
A solução arranjada pela equipa de seguranças foi a abertura de setores fechados desde início, mais propriamente o setor 18, que se localiza na lateral do palco. Precisamente pela localização desses setores não são vendidos bilhetes para aqueles lugares. Considerando que o espetáculo se tratava de um filme, como é óbvio a visualização a partir da lateral é quase nula, o que gerou ainda mais insatisfação nos fãs.
Várias dezenas de pessoas pagaram por bilhetes que não deveriam ter sido vendidos por não haver lugares disponíveis, e acabaram por usufruir do espetáculo de uma forma que não era a suposta. Ficamos a aguardar, no mínimo, um pedido de desculpas por parte da organização do cineconcerto dirigido a estas dezenas de pessoas.
Fotografia: Facebook Altice Arena