Apesar de longe de esgotada, a Casa da Música recebeu o coletivo debaixo de fortes aplausos.
A banda punk ativista russa Pussy Riot regressou a Portugal para concertos na Casa da Música, no Porto, e no Capitólio, em Lisboa, no âmbito da sua tour europeia. E nós, claro, marcámos presença no espetáculo do Porto.
Antes do concerto, havia algum alvoroço à entrada, muito por culpa da muita comunicação social que esteve presente na cobertura do espetáculo. Houve uma boa adesão do público, mas a Sala Suggia foi demasiado grande e, por isso, ficou bastante longe de se verificar lotação esgotada.
Era muita a curiosidade para ver este coletivo russo, que ficou conhecido pelas suas atuações de punk rock provocatórios e não autorizado em locais públicos da Rússia, em oposição ao regime de Putin, tendo levado à sua detenção em 2012. Dessa detenção, Maria Alekhina e Nadejda Tolokonnikova foram condenadas a dois anos de trabalhos forçados.
Desde então, as Pussy Riot têm sido uma constante ameaça para o regime do Kremlin e, para além da oposição ao mesmo, ganham ainda destaque temas como o feminismo e os direitos LGBT.
Mas o objetivo maior desta digressão é angariar fundos para a construção de um hospital pediátrico em Kiev, como foi anunciado pelo produtor da banda, Alexander “Sasha” Cheparukhin, no início do concerto-manifesto, e já no fim do mesmo, pelas ativistas, apelando a donativos através de um QR Code que aparecia no ecrã em palco.
Falando agora do espetáculo, começou com uma pequena palestra do produtor Alexander Cheparukhin, que pediu ao público para se juntar à frente e que se comportassem do jeito mais punk possível.
Foi então a vez do coletivo entrar em palco, com Diana Burkot nas teclas, Anton Ponomarev no saxofone e Maria Alyokhina e Olga Borisova apenas nas vozes e com um papel mais ativo no manifesto. Punk caótico e despertador de mentes foi o que assistimos ao longo dos sete atos da encenação, que contou ainda com encore, sempre suportadas pela performance de vídeo no ecrã gigante ao fundo do palco que ia acompanhando as investidas punk das ativistas russas. Perto do fim, houve jovens a juntarem-se bem à frente do palco e a demonstrarem o seu espírito libertador com breves momentos de moche.
No final, havia uma grande união entre as artistas e o público, que apelaram ao apoio de toda a comunidade ucraniana. Foi um belo momento que deixou a Sala Suggia debaixo de fortes aplausos. Pela liberdade de todos, envolvamo-nos!