Videojogos: Boas Leituras – Uma crítica da opinião; a minha opinião da crítica

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Uma semana marcada por viagens a Hogwarts e uma fabulosa Nintendo Direct.

O Videojogos: Boas Leituras é um espaço de opinião da autoria do convidado Filipe Urriça, onde partilha a sua visão sobre videojogos, sobre a indústria e onde recomenda o melhor que se produz e escreve em Portugal. Podem segui-lo no Twitter e subscrever a sua newsletter, aqui.

Análises de linhas tradicionais

As publicações online de videojogos não deviam restringir a criatividade dos seus colaboradores, única e exclusivamente à elaboração de textos de índole crítica – as típicas e formatadas análises. Tenho perfeita noção que é mais fácil em teoria do que na prática pois, este tipo de labor textual mais tradicional atrai o tráfego tão desejado que pode ser convertido, graças às páginas cheias de publicidade, em lucro. É muito mais interessante passar pelos vários sites e ver diferentes tipos de perspetivas com textos produzidos de uma forma original e inovadora.

Pessoalmente, tenho pena de não conseguir escrever com a regularidade que desejo para poder produzir peças mais trabalhadas que incidem em temas mais polémicos ou menos convencionais. Sinto uma profunda perplexidade quando vejo que os poucos sites que têm alguma disponibilidade financeira, para pagar a quem escreve, não invistam neste tipo de artigos. Tragam de volta o IGN anterior ao projeto SIC Advnce, uma publicação que tinha artigos acutilantes de Rui Craveirinha (recomendo-vos lerem o seu Manifesto Anti-Gamer e a sua análise a The Witness), ou o Eurogamer que tinha Nelson Zagalo (leiam os seus artigos “Existencialismo nos videojogos” e “Porque os segundos são melhores?”), que também foi colunista na fase embrionária do IGN, a escrever bons textos académicos e filosóficos para despertar a nossa atividade cerebral ao fim de semana. Dispenso totalmente textos apáticos que tentam ser objetivos quando os textos de análise e opinião são naturalmente subjetivos.


Regresso a Hogwarts

Hogwarts Legacy
Hogwarts Legacy

Para avaliarmos uma semana na escrita sobre videojogos, basta espreitarmos o calendário de lançamentos. Hogwarts Legacy, o jogo baseado no universo criado pela autora transfóbica, foi finalmente lançado. Floresceram, naturalmente, análises à obra da Avalanche Software. Aparentemente, um jogo que deu sinais de poder cair em desgraça (com tantos adiamentos), até teve uma calorosa receção por parte da crítica nacional e internacional. Houve muitas outras análises a outros jogos relevantes, uns com o atraso normal de quem não faz de escrever sobre videojogos a sua vida, outros sobre interessantes indies que vão aparecendo, ou completamente fora da sua janela de lançamento, como Oddballers, Package Inc. ou Power Chord.

Infelizmente, ainda não foi esta semana que pude ler opiniões sobre uma boa Nintendo Direct como foi a desta semana (só houve o chorrilho de notícias habitual), nem textos que saiam da típica análise a Hogwarts Legacy. Com tanta luz a incidir na obra publicada pela Warner Bros., que novos conteúdos para jogos já existentes, como Hitman Freelancer, não são objeto de cobertura por quem escreve sobre videojogos (felizmente há exceções à regra). Acho que sei qual a razão, ficaram assoberbados a jogar a versão Game Boy de Tetris.

Aqui ficam, para encerrar este meu devaneio sobre o que se escreve por cá, os melhores textos que li esta semana.

Tears of the Kingdom
The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

Leituras

O jogo que nos leva ao mundo de Harry Potter é, compreensivelmente, o destaque que os nossos media nacionais decidiram dedicar o seu tempo e esforço. Foram publicados textos muito bons, dos suspeitos do costume.

“Hogwarts Legacy é sobretudo um jogo de exploração, para quem gosta de procurar segredos, falar com personagens e conhecer as suas histórias. Há sempre qualquer coisa para fazer, mas tudo bem organizado.” – Rui Parreira sobre Hogwarts Legacy, Rubber Chicken

“Ao explorar o mundo, pensei: ‘é desta que te apanhei’. Parecia dividido entre Hogwarts e Hogsmeade, que é de facto onde há a maioria dos objetivos e lojas, mas depois expandiu-se, e expandiu-se mais, e continuou a expandir-se.” – Gonçalo Taborda sobre Hogwarts Legacy, IGN Portugal

“Umas das coisas que mais me agradou nas horas passadas por Hogwarts foi toda a exploração que o jogo nos convida a fazer: Estar em Hogsmeade e ter que ir até ao castelo, ou estar no castelo, mas ter que viajar para sul e assim conseguir continuar a história.” – André Oliveira Santos sobre Hogwarts Legacy, Future Behind

Nelson Zagalo continua a escrever sobre videojogos quando quer e bem lhe apetece no seu blogue pessoal. Desta vez trouxe-nos um texto sobre um mal-amado exclusivo da PlayStation (que também foi lançado, posteriormente, para PC), comparando-o a outras obras do mesmo género.

“Mas ao contrário do que pensam os designers, o personagem não ficou mais forte, antes pelo contrário. O jogo ficou difuso em termos morais, porque se nota claramente que as várias possibilidades de escolha do nosso personagem tiveram de ser fundidas numa linha narrativa única, e a forma que encontraram para o fazer foi neutralizando a moral do personagem.” – Nelson Zagalo sobre Days Gone, blogue VIRTUAL ILLUSION

No Eurogamer, fez-se uma curiosa passagem pelo clássico da Rare pelas palavras de Vítor Alexandre.

“Se os jogos 2D de meados dos noventa eram produzidos como estado da arte, o que os torna óptimos mesmo quando jogados hoje, os ambientes 3D são mais fechados e opacos, oferecendo uma espécie de frugalidade ou opressão nos visuais. Mas as ferramentas, leia-se armas, com que 007 recorre, entre os “gadgets”, a fim de eliminar as baterias de adversários, são surpreendentes.” – Vítor Alexandre sobre Goldeneye 007, Eurogamer Portugal

No Glitch Effect surgiu um novo colaborador que entra muito bem com a sua escrita cuidada, onde cada sinal de pontuação e cada palavra foram escolhidos a dedo, tal como o Agent 47 seleciona as suas vítimas.

“O modo Freelancer é de menos de velocidade e invenções artísticas na hora de aniquilar um alvo (também as há, mas com outra dose de “pimenta”), e de mais de cálculo frio, de análise constante, de medição de todas as acções, de estudo não só dos movimentos do potencial target como dos NPC’s que andam em seu redor, podendo se dar mudanças drásticas na maneira como estes se mexem caso algo se altere.” – Fransisco Isaac sobre Hitman Freelancer, Glitch Effect

O OtakuPT conseguiu uma entrevista exclusiva com um dos colaboradores de HI-Fi Rush, Douglas De Azevedo Rogerio, diretor da animação das sequências 2D. Há aqui muito sumo nos detalhes na animação do jogo, leiam esta entrevista bem feita e muito interessante para quem gosta de design e animação bidimensional.

“Tivemos uma liberdade criativa enorme e eles foram super compreensivos com o quanto deveríamos mudar em relação a fazer a animação e design de personagens se encaixar dentro do orçamento da melhor maneira possível.” – Douglas De Azevedo Rogerio, diretor da animação das sequências 2D de Hi-Fi RUSH, OtakuPT

Agora, segue uma secção de análises e textos de opinião a jogos que não acompanharam o seu lançamento. Esta é a realidade da nossa praça que não tem, infelizmente, meios para pagar a quem escreve sobre videojogos.

“Power Chord começa super acessível e rapidamente se revela muito desafiante, no entanto, após horas passadas com ele acaba por se perder onde todos os roguelikes se perdem se não acrescentarem algo substancialmente diferente ao longo da progressão dos ciclos de jogo, quer em termos de mecânicas quer em termos de narrativa… na repetição.” – Gonçalo Martins sobre Power Chord, Meus Jogos

“Em 2023, Dead Space é uma lenda, um monólito de eras passadas, cuja popularidade é movida por uma enorme nostalgia por tempos mais simples. É fácil perceber porquê. O género de terror de sobrevivência continuou a sofrer fortes transformações no seu design ao longo destes quinze anos.” – João Canelo sobre Dead Space Remake, Glitch Effect

“Ao fim de 10-12 horas de jogo, sensivelmente o tempo que demorei a terminar a sua história, questionei-me: “será que Hi-Fi Rush está a ser bem recebido porque foi uma surpresa inesperada, que chegou de forma gratuita a mais de 25 milhões de subscritores do Xbox Game Pass, ou é incrível por mérito próprio?” Porque não há dúvida que receber jogos destes de forma inesperada é excelente, mas sinto que Hi-Fi Rush é mesmo, mesmo bom.” – David Fialho sobre Hi-Fi RUSH, Echo Boomer

“Aliás, só muito recentemente foi criado algo semelhante, por via do High on Life. Mas agora imaginem o High on Life em sprites lindíssimos, animados com a estética muito própria da era dos 8 e 16 bits. É impossível este jogo não ficar na memória, seja por que razão for.” – João Simões sobre Earthworm Jim 2, IGN Portugal

Para ouvir:

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