Videojogos: Boas Leituras – Um regresso ao passado numa realidade virtual

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Voltou um clássico de culto, temos o décimo jogo PlayStation no PC e a Sony lançou o seu PS VR2.

O Videojogos: Boas Leituras é um espaço de opinião da autoria do convidado Filipe Urriça, onde partilha a sua visão sobre videojogos, sobre a indústria e onde recomenda o melhor que se produz e escreve em Portugal. Podem segui-lo no Twitter e subscrever a sua newsletter, aqui.

Um deserto de ideias com um vislumbre sempre presente de um oásis de epifanias

É difícil escrever. Não, é difícil escrever bem. Escrever é uma atividade árdua, porque não há uma torneira que podemos abrir a nosso bel-prazer para fazer fluir toda a criatividade que necessitamos, para que o texto esteja ao nível que desejamos. Cerca de noventa porcento das vezes não tenho ideias para desenvolver as opiniões que tenho sobre um videojogo qualquer e transformá-las em texto, sobretudo em algo decente e interessante de se ler. Às vezes tenho uma epifania e sei exatamente o que quero escrever e tento aproveitar todo o tempo que tenho para materializar em palavras e parágrafos a ideia que apareceu de repente, antes que esta se esfume da minha mente. Quando não há nada e sinto o cérebro completamente vazio, incapaz de pensar, tenho de forçar o processo de escrita com uma boa dose de café (metodicamente preparado, seguindo os passos do meu ritual de preparação deste líquido negro), para assim conseguir escrever o máximo que posso – tudo o que passa pela minha massa cinzenta, sem exceção. Depois vem o trabalho principal: editar bem o texto para remover toda a gordura desnecessária para ficar com um bom artigo, como um suculento bife filé mignon que só paramos de comer quando o prato estiver limpo.

Além dos textos que partilho nesta newsletter, não sei para onde se dirigirá este projeto ao longo do tempo. Ainda há algumas partes a limar (aliás, já estou a tratar destes pormenores) e outras que precisam da minha atenção, para que a newsletter Videojogos: Boas Leituras fique exatamente com o que eu quero e como imaginei que ficaria, anos ante de a publicar. Agora, vou manter-me fiel a este modelo e entregar-vos todas as sextas-feiras (sem falta) uma newsletter onde faço uma pequena reflexão e um breve comentário, antes de vos partilhar os melhores textos escritos na nossa praça.


A surpresa Metroid, o esperado Returnal e o recomeço da realidade virtual para a Sony

Returnal PC
Returnal (PC)

Nestes últimos sete dias, pensei que se fosse escrever bastante sobre o regresso de duas obras em novas plataformas – o PC e a Nintendo Switch. As análises que encontrei, assim, incidiram, na sua grande maioria, em Returnal (que estava apenas na PlayStation 5) e muito poucas em Metroid Prime Remastered (uma nova versão do clássico originalmente lançado na GameCube) para surpresa minha – mas rapidamente percebi o porquê deste facto. Além destes dois grandes jogos (a crítica não os poupou a elogios), os sites especializados em videojogos, a nível global, lançaram artigos, opiniões e análises sobre o aparelho de realidade virtual da Sony: o PlayStation VR2. Destes três destaques, Returnal é o que menos curiosidade provocou nas minhas leituras – nada contra, até gosto bastante de roguelikes, mas não tenho uma PlayStation 5 ou um PC com capacidades suficientes para que o jogo funcione razoavelmente bem. Infelizmente, Metroid Prime Remastered não teve a atenção que desejaria, para poder perceber como é que está o jogo ou que reflexões despertou em quem escreve sobre este meio. Sempre ouvi e li boas críticas ao jogo originalmente lançado na GameCube, que é um jogo essencial do reportório da casa de Quioto.

Ainda não acredito que a realidade virtual seja algo que vá revolucionar a indústria tal como a Nintendo fez com a NES e a Game Boy. Primeiro, há a enorme barreira financeira a abater – comprar o PS VR2 é quase como comprar uma segunda consola. Este equipamento até pode estar a um bom preço para aquilo que oferece, não duvido desta hipótese (até pode ser um facto, mas como nunca tive contacto com o produto da Sony, não tenho como tecer qualquer comentário acerca do valor monetário ao qual é vendido), contudo, mesmo para alguém que esteja na classe média, adquirir um PS VR2 deve exigir algum esforço económico. Depois, ainda não vejo que exista um Super Mario Bros. para o aparelho de realidade virtual da Sony, um jogo que seja absolutamente essencial comprar para uma experiência inolvidável. É possível que esta experiência esteja em Half-Life: Alyx, mas ainda está fechada na plataforma da Valve.

Como é apanágio das sextas-feiras, deixo-vos com os textos que mais gostei de ler esta semana, por diversos temas, autores e publicações. Leiam muito, escrevam em igual medida e pensem nas experiências que os videojogos vos entregam.

PS VR 2
PlayStation VR2

Leituras

Dois dos melhores textos sobre o PlayStation VR2, se precisam de boas opiniões têm-nas aqui.

“Aprendi, na disciplina de Psicologia de 12º ano, que se derem uma maçã a uma pessoa, mas lhe colocarem um dispositivo de Realidade Virtual que lhe mostra uma laranja, ela vai morder a maçã e sentir o sabor da laranja. Então e quando Horizon: Call of the Mountain me mostra uma maçã, mas eu não tenho nada na mão? Sinto o quê?” – Gonçalo Taborda sobre o PS VR2, IGN Portugal

“Se o PlayStation VR entrou timidamente em casa dos jogadores, com uma aposta acessível e modesta, cujas tecnologias ficavam um pouco aquém do que era na altura possível fazer em VR, com o PlayStation VR2 a abordagem da Sony não se ficou pela mera ideia de oferecer algo premium com um preço elevado. Na verdade, a Sony foi de cabeça para o campo do “cutting edge”, rivalizando com os melhores headsets e experiências existentes no PC e com uma filosofia muito mais plug and play.” – David Fialho sobre o PS VR2, Echo Boomer

Escreveu-se bastante sobre Returnal, sobretudo na qualidade da adaptação técnica do jogo. Destaco, novamente, duas críticas.

“As primeiras salas podem estar mais para o fim, os inimigos podem ser outros e os itens totalmente diferentes daqueles que encontraram da primeira vez que passaram ali. Returnal é muito isto: começar do início, mas sempre com um desafio novo pela frente. Só assim também percebem que é possível explorar mais o planeta e compreender melhor o que raio se passa ali.” – Pedro Moreira Dias sobre Returnal, Salão de Jogos

“(…) o medo e a inquietação vividas são dotadas de muita autenticidade. Vamos mais longe ao afirmar que as suas emoções são narradas de uma forma surpreendente através de diversas sequências na primeira pessoa entre o passado e presente da protagonista. É de louvar o jogo ir muito além de uma simples narrativa como habitualmente encontramos neste género.” – Bruno Reis sobre Returnal, OtakuPT

Algo que é raro nos dias que correm, é escreverem-se peças de opinião que não sejam uma análise ou crítica a um jogo. Por isso, destaco e saúdo o Gonçalo Taborda por ter escrito sobre esta temática desconfortável: a autora de Harry Potter.

“Falando do seu caso pessoal, Joana refere uma “posição extremada” da autora dos livros de Harry Potter face ao tema como justificação para o seu boicote, pelo que para ela “não faz sentido”. “[O jogo] pode ser incrível, não digo que não, mas nem sequer tenho vontade de entrar nesse mundo outra vez, porque já fechei a porta”, afirma. Miko diz que Rowling é “uma das pessoas mais abertamente transfóbicas no mundo”.” – Feiticeiros sem Casa: O boicote a Hogwarts Legacy, escrito por Gonçalo Taborda, IGN Portugal

Para terminar, fica aqui uma amálgama de textos (alguns de uma qualidade acima da média) sobre uma diversidade de jogos já lançados, incluindo a remasterização lançada na Switch, Metroid Prime Remastered.

“O problema filosófico de Season: A Letter to the Future constrói-se em torno desta necessidade de registar o passado num mundo que é obrigado a esquecê-lo constantemente. Pelos olhos da protagonista, vemos uma realidade que não é a mesma no final da campanha, não porque existe uma transformação física e permanente, mas porque os seus habitantes a esqueceram, agora sem memória do que viveram antes ou de quem eram. ” – João Canelo sobre Season: A Letter to the Future, Echo Boomer

“A melhor parte de Fire Emblem Engage é efectivamente aquilo pelo qual sempre foi conhecido, o seu sistema de combate. Este está extremamente polído e se não fosse o caso de haver muitas formas de o aprofundar, seria talvez também dos mais simples e directos de perceber e dominar.” – Daniel Silvestre sobre Fire Emblem Engage, Próximo Nível

“Antes de avançar, quero admitir uma falha na minha escrita quando abordo o som e as bandas sonoras por não ter a sensibilidade musical para desenvolver; apenas digo se gostei ou não gostei e sigo, mas não posso ser blasé aqui porque Hi-Fi Rush não tem UMA banda sonora; Hi-Fi Rush é A banda sonora que é só a espinha dorsal deste jogo. Mas se funcionariam independentes? Sim, até porque a estou a ouvir neste momento, mas juntos combinam num jogo orelhudo e estupidamente divertido, viciante, gratificante, entre outros adjectivos.” – André Pereira sobre Hi-Fi RUSH, Glitch Effect

“Retomando então uma das suas grandes qualidades: a eficácia. Esta é apenas possível porque, tal como sucede com qualquer pedaço de arte que nos toca, sai do coração, sendo retirada de experiências reais.” – João Simões sobre Blanc, IGN Portugal

“É aqui que entra da Forever Entertainment e a MegaPixel Studio, saídos da remasterização/remake de Panzer Dragoon e com a honesta vontade de revistar House of the Dead à sua glória. Como o monstro de Frankenstein, algo correu mal no processo de ressurreição e o que recebemos hoje é o que parece ser uma imitação barata, em plástico fraco, daquela que já foi uma das séries mais populares da SEGA.” – João Canelo sobre House of the Dead Remake, Echo Boomer

“Pensado como um jogo para audiências adultas numa consola de uma marca que, na altura, ainda era vista como fabricante de títulos para crianças, Metroid Prime é simplesmente genial. A estrutura dos níveis, que transporta para o formato 3D na primeira pessoa todos os aclamados conceitos Metroidvania que os fãs adoraram nos primeiros jogos 2D, o design arrojado e exigente, o fluir da exploração e mecânicas como Scan glorificam a experiência.” – Bruno Galvão sobre Metroid Prime Remastered, Eurogamer Portugal

“O que torna Hi-Fi Rush num jogo tão distinto é a capacidade de nos envolver em todo o seu universo. Para começar faz um bom trabalho a ajudar-nos a compreender como funcionam conceitos simples como o ritmo, e através da música e do ambiente envolvente vamos adaptando os nossos ataques ao mesmo para termos recompensas maiores.” – Luís Lemos sobre Hi-Fi RUSH, Próximo Nível

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