Videojogos: Boas Leituras – O efeito reconfortante da nostalgia

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Há alguns dias, senti-me nostálgico, portanto decidi escreve sobre este assunto.

O Videojogos: Boas Leituras é um espaço de opinião da autoria do convidado Filipe Urriça, onde partilha a sua visão sobre videojogos, sobre a indústria e onde recomenda o melhor que se produz e escreve em Portugal. Podem segui-lo no Twitter e subscrever a sua newsletter, aqui.

A nostalgia tem um efeito reconfortante. É uma saudade de algo onde já fomos felizes e continuamos a sê-lo se voltarmos à mesma experiência. O meu ponto fraco é a música, adoro voltar a ouvir músicas da minha adolescência. Quem me fizer uma boa playlist de êxitos de metal ou hard rock dos anos noventa e do início do novo milénio, é meu amigo, nomeadamente se não se esquecer de incluir Limp Bizkit, Papa Roach e The Offspring. No campo dos jogos, os meus sítios onde fico mais feliz são os point’n’click, os jogos de plataformas, roguelikes e os RPG de ação – sem esquecer os mal-amados walking simulators (profundos na narrativa e simples nas mecânicas).

A nostalgia tem um efeito nocivo. Se nos inclinamos a voltar às mesmas obras culturais que nos trouxeram felicidade, acabamos por não experimentar o que é contemporâneo ou peças que acabam por ter divergências da nossa zona de conforto. Há experiências absolutamente incríveis que merecem a nossa atenção, como os jogos indie que defendo em quase todas as intervenções que tenho quando falo sobre videojogos. E convém sairmos de onde nos sentimos confortáveis, expandir os nossos horizontes pode levar-nos a descobrir outras experiências que nos aconchegam como um género do qual não saímos. Pessoalmente, tenho de descobrir mais jogos de terror, há tantos nos quais ficava completamente bloqueado, ou jogos na linha do catálogo da FromSoftware, para conseguir ultrapassar os desafios que nos são propostos com inimigos de uma complexidade que nos exige habilidade e estratégia da nossa parte.

Não há problema nenhum em deixar-nos contagiar pela nostalgia. Quem joga sempre o mesmo tipo de jogos acaba por ter uma capacidade natural de apreciar os bons trabalhos que se fazem por pessoas ou entidades que não conhecem ou não têm por hábito fazê-lo. Quando procuro algum point’n’click, já não posso espreitar o quê que a LucasArts ou a Sierra estão a fazer, viro-me para a Wadjet Eye Games, que depois da sua série Blackwell fiquei fascinado com o seu labor em jogos que capturam as mesmas emoções dos jogos da década de noventa. É um conforto bem quentinho e sempre que há uma variação na temperatura, sei exatamente como conduzir a minha crítica quando escrevo sobre obras que incidem neste tipo de jogos.

Quer queiramos, quer não, a nostalgia molda-nos como uma plasticina e ficamos mais predispostos a experiências que criaram a forma que concebeu a nossa personalidade e os nossos gostos. O trabalho fica para mais tarde, depois da adolescência passar e a plasticina já estar endurecida, podemos abrir a mente para novos conceitos culturais – só crescemos intelectualmente enquanto membros de uma sociedade, se fizermos este esforço.


Leituras

Escreveu-se muito e de variados temas e jogos, até sobre Persona 3 Portable. Produziu-se conteúdo textual sobre produções de origens megalómanas, com orçamentos na ordem das dezenas de milhares de euros. Leiam, que aqui há boas análises.

Essa indisponibilidade foi uma verdadeira vergonha, uma vez que tanto como um JRPG por direito próprio, como uma prestação formativa na série Powerhouse que Persona se tornou desde então, Persona 3 Portable permanece (na sua maioria) uma delícia. – André Silva sobre Persona 3 Portable, Portugal Gamers

Tudo foi pensado ao pormenor e existem atividades, tarefas e inúmeras coisas para explorar que nos levam a dezenas de horas de exploração, onde podemos disfrutar de cada pedacinho deste universo sem nunca sentirmos que está a ser cansativo ou repetitivo. – Nicole Concha sobre Hogwarts Legacy, Moshbit Gaming

De facto, a passagem de Nioh para Wo Long: Fallen Dynasty não foi apenas cosmética ou narrativa, mas sim muito mais profunda no que toca ao seu foco enquanto RPG de ação. – João Canelo sobre Wo Long: Fallen Dynasty, Echo Boomer

Podemos dizer que não jogamos Kirby pela história, mas pelas mecânicas e pela diversão que tiramos das poucas horas passadas a saltar ou a inalar bonecada para lhes roubar as habilidades, mas ajuda-me ter um fio condutor, mesmo que me conduza por lugares comuns e pouco ou nada originais. – André Pereira sobre Kirby’s Return to Dream Land Deluxe, Glitch Effect

A Team Asano da Square Enix, um dos maiores tesouros da atualidade japonesa, em conjunto com a Acquire, perceberam que simplesmente precisavam de melhorar tudo o que fizeram, sem se desvirtuarem da essência de homenagear clássicos da década de 90 e ainda introduzir um toque pessoal.Bruno Galvão sobre Octopath Travaler II, Eurogamer Portugal

No caso de Wild Hearts, é impressionante identificarmos o nível de qualidade mecânica deste que já pode ser considerado como um dos melhores do género, ao demonstrar que percebe os seus fundamentos, e ainda é capaz de adicionar novos elementos que complementam muito bem com o que já existe. – Octávio Silva sobre Wild Hearts, Glitch Effect

Metroid Prime é um estrondoso exemplar daquilo que deve e pode ser a passagem do 2D para o 3D. É um transplante sem costura aparente, fazendo-nos sentir, ainda assim, que estamos perante uma experiência diferente. – João Simões sobre Metroid Prime Remastered, IGN Portugal

É uma história simples, mas com pilares fortes, que evoca sentimentos que facilmente ressoam com quem está a jogar. – Jorge Loureiro sobre Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon, Eurogamer Portugal

No meio desde comboio desgovernado, a Bungie reduziu um dos maiores vilões da história desta saga a um moço de recados da nova ameaça. Calus é agora carne para canhão no final da campanha. – Gonçalo Martins sobre Destiny 2: Lightfall, Meus Jogos

Os jogos indie continuam a não ser obras que sejam muito abordadas, pelo menos com o mesmo brio e esforço que os jogos com uma forte carga mediática. Felizmente, o Rubber Chicken (onde eu escrevo), assim como o Meus Jogos, continuam a trabalhar no sentido de divulgar a cena indie.

Acredito que o preconceito que jogos em 2 bits possam gerar impeçam a maioria dos jogadores de mergulharem em Triple Take, desconhecendo que aqui reside um dos mais originais e desafiantes precision platformers que foram lançados nos últimos tempos.” Ricardo Correia sobre Triple Take, Rubber Chicken

Ora, o jogo não é tão estratégico como a maioria de todos os outros tower defense, já que cada torre está mais ou apenas adequada a um determinado tipo de inimigo, o que praticamente elimina muita da estratégia (…). – Gonçalo Carvalho sobre Escape From the Red Planet, Rubber Chicken

Há poucos, mas bons artigos. Estes têm uma carga muito pessoal e emocional, como devem ser textos deste género para serem interessantes e agarrar o leitor logo após o clique.

The Last of Us destaca-se no campo da ficção pós-apocalíptica pela atenção que dá às suas personagens. Esta não é uma história de ação, ou, pelo menos, esse não é o traço que a define, e isto é ainda mais verdade na série. – The Last of Us – “Endure and Survive” por Henrique Adão, Meus Jogos

O verdadeiro primeiro grande momento de excitação deu-se logo com o menu inicial… pimba, música da intro da série de animação (decorreu entre 1987 e 1990, mas só a veria em 1993 fruto de umas VHS preciosas) logo a abrir, e a elevar o meu sorriso para um nível máximo de alegria. – Aventuras em Ducktales: A infância ao sabor da NES por Francisco Isaac, Glitch Effect

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