Como pode a escrita de videojogos sobreviver, quando se mantém um meio tão pouco interativo?
O Videojogos: Boas Leituras é um espaço de opinião da autoria do convidado Filipe Urriça, onde partilha a sua visão sobre videojogos, sobre a indústria e onde recomenda o melhor que se produz e escreve em Portugal. Podem segui-lo no Twitter e subscrever a sua newsletter, aqui.
Escrever sobre videojogos é uma futilidade, há toda uma variedade de outros temas com mais impacto sobre a sociedade que merecem ser discutidos, como as Ciências Políticas, Saúde Pública ou Economia Social. Escrever sobre videojogos (que se afirmam cada vez mais como uma parte central da nossa cultura atual) é um exercício importante e fulcral para compreendermos a nossa sociedade. Como? Os eSports são um fenómeno com uma grande influência económico-social que explodiu nos últimos anos e os seus estilhaços já atingiram a televisão pública em 2016, com RTP Arena, e em 2020, no canal de Paço de Arcos, com SIC Advnce.
Quando quem escreve publica os seus artigos, pode parecer que não, mas espera uma troca social com o seu leitor. É tão bom recebermos um comentário positivo ou negativo, desde que seja construtivo e não destrutivo. Todos os artigos parecem monólogos, mas acreditem aquilo é o início de uma conversa que o autor começa com a sua audiência. Com uma quase total ausência de comentário por parte de quem lê é normal que a sensação que temos é de escrever para um espaço vazio, onde ninguém se interessa por aquilo que se faz ou escreve. Já percebi como combater isso, porque sei que, no fundo, é uma ilusão que crio sobre mim próprio – escrevo como se o estivesse a fazer para mim, como se quem lê o que eu faço fosse um reflexo da minha identidade.
Sim, escrever é importante, quanto mais não seja para o próprio escritor. Aos poucos, a passo de caracol, a sociedade vai perceber que os videojogos são cultura e não um simples bode expiatório por tudo aquilo que o ser humano faz de errado.
Leituras
Nenhum deles, como poderia deixar de ser, é humor subtil, todas as piadas nos são enfiadas pela goela com uma força que por vezes só as sentimos quando batem nas paredes do estômago, mas, há que o admitir, considerando o tipo de humor praticamente todas resultam e este é um humor que resulta bem comigo. – Shadow Warrior 3 e os Pregos no Caixão por Gonçalo Carvalho, Rubber Chicken
É até um travão brusco na narrativa, pois sempre que nos deparamos com um combate não há sequer um sentido de adrenalina ou de recompensa, pois todos os confrontos são pré-programados, não havendo sequer possibilidade de multiplicar o grind. Até os pontos de experiência nas características de ataque e defesa que nos são atribuídos pouca ou nenhuma diferença fazem, visto que já os iriamos ter ganho, com ou sem a nossa vontade. – João Luzio sobre Meg’s Monster, PróximoNível
Quem não se lembra de passar umas boas horas a saltar de plataforma em plataforma no Prince of Persia, o título lançado em 1989? Ou das cutscenes super à frente do seu tempo de Flashback? Lunark bebe da inspiração dos saltos super metódicos desses mesmo títulos, mas imprime a sua própria identidade, ainda que não revolucionando o género sci-fi, é uma aventura que mantém o jogador atento ao que se vai passando no ecrã. – Pedro Almeida sobre Lunark, Meus Jogos
A cada novo relançamento, sequela ou spin-off, tem acertado em cheio na apresentação dos seus jogos e com uma fantástica otimização para as plataformas onde o seu projeto tem sido lançados. Portanto, as expectativas para esta conversão para PC de The Last of Us Part I estavam bastante altas. No entanto, é com alguma infelicidade que confirmo aquilo que nos últimos dias temos vindo a acompanhar na comunidade de jogadores insatisfeitos com esta versão. – David Fialho sobre The Last of Us Part I (PC), Echo Boomer
Admito que fiquei algum tempo a ler o press release só para tentar perceber se Hitman: Freelancer era um jogo à parte ou se era um DLC. Nem tinha ouvido falar dele, o que é estranho para um jogo desta dimensão, nem aparecia muita coisa online a explicar o que era, mas depois percebi, neste mundo tudo gira em torno de cliques e estes pequenos artigos de opinião já geram muito poucos para um jogo novinho em folha, logo ainda menos gerarão para um DLC gratuito para um jogo com mais de um ano de idade. – Gonçalo Carvalho sobre Hitman: Freelancer, Rubber Chicken
Clash: Artifacts of Chaos não é tão deliberado e profundo como Sifu ou até Absolver, preferindo a simplicidade dos seus controlos e combinações em prol de uma experiência mais acessível, ainda que desafiante devido ao número de combatentes que nos desafiam. – João Canelo sobre Clash: Artifacts of Chaos, Echo Boomer
Com Mask of the Lunar Eclipse, podemos ver as raízes que viriam a moldar a jogabilidade, a narrativa e a estrutura de Maiden of Black Water, mas numa base muito mais segura e menos experimental do que veríamos em 2015 com o anterior exclusivo da Wii U. – João Canelo sobre Project Zero: Mask of the Lunar Eclipse, Echo Boomer