Videojogos: Boas Leituras – Atomic Heart divide, Metroid concilia

- Publicidade -

Atomic Heart dominou a semana nas críticas, Metroid Prime Remastered mostrou-se com alguma timidez e ainda tivemos três artigos bem produzidos sobre temas variados.

O Videojogos: Boas Leituras é um espaço de opinião da autoria do convidado Filipe Urriça, onde partilha a sua visão sobre videojogos, sobre a indústria e onde recomenda o melhor que se produz e escreve em Portugal. Podem segui-lo no Twitter e subscrever a sua newsletter, aqui.

É curioso, um jogo que divide tanto a opinião da crítica como Atomic Heart foi o que conseguiu fazer florescer mais textos (na clássica análise) nas publicações nacionais. Talvez tenha sido coincidência terem surgido meia dúzia de análises, ou talvez se tenham reunido algumas condições para esta coincidência se ter dado.

É muito fácil chegar a esta conclusão. Atomic Heart está no Xbox Game Pass, Metroid Prime Remastered não está em nenhum serviço de subscrição equivalente. E ainda há outro fator a ter em conta, embora não tenha forma de sustentar com factos o meu próximo raciocínio. Metroid Prime Remastered não foi lançado de forma tradicional, foi uma surpresa, por isso não houve tempo de quem trata das relações públicas mandarem os códigos de análise a quem escreve críticas sobre videojogos e, principalmente, no caso português, é bastante provável que o acesso esteja bastante limitado.

É pena que Metroid Prime Remastered não receba uma cobertura mais abrangente dada a sua importância mediática e histórica na indústria dos videojogos, até porque em termos de game design o jogo é muito mais interessante do que o jogo vindo da Europa do Leste. Portanto, se não há forma de ter acesso ao jogo e se, porventura, quem analisa já gastou o seu orçamento mensal num outro jogo qualquer (que aproveitará, certamente, para escrever uma crítica), dado que estamos num mês anormalmente bom (Hogwarts Legacy, Like A Dragon: Ishin! e Octopath Traveler II), numa semana onde Atomic Heart chegou ao Game Pass, o foco do seu próximo labor de escrita é óbvio. É a triste realidade do nosso país, felizmente já toda a gente sabe (ou devia saber) que Metroid Prime é bom e se está mais bonito é fácil saber qual será o investimento mais seguro.


Leituras

Vou começar com cinco análises: duas de Metroid Prime Remastered e três de Atomic Heart. São muito bons textos que exprimem os problemas e as valências de ambos os jogos.

É um mundo que, apesar de ser frequentemente insólito, é também graficamente arrebatador, possuindo ainda mecânicas e uma jogabilidade que no geral consegue quase sempre deixar o jogador absorvido pelo jogo. – Nuno Mendes sobre Atomic Heart, Salão de Jogos

O meu ponto de vista sobre Prime não mudou. Para um jogo do princípio dos anos 2000, ainda hoje a fórmula faz sentido. É de salientar a maestria com que foi transferido tudo o que foi feito nos títulos anteriores para três dimensões sem abandonar a sua natureza, permitindo olhar para os puzzles e ambientes de outra ótica. – Ricardo M. sobre Metroid Prime Remastered, OtakuPT

Nos melhores momentos, Atomic Heart sabe o que quer ser, até quando coloca o jogador a vasculhar salas em busca de recursos para aplicar nas árvores de habilidades do protagonista – que é um dos piores protagonistas que tive o desprazer de conhecer, ao ponto de rezar por uma opção que me deixasse desligar os diálogos –, mas também no desenvolvimento e criação de armas. É uma estrutura familiar, semelhante a alguns dos melhores trechos de BioShock (…) – João Canelo sobre Atomic Heart, Glitch Effect

Há 20 anos, ver imagens promocionais de um FPS não era coisa que me impressionasse muito, e custava-me acreditar que um “jogo de tiros” pudesse ser um bom Metroid, apesar do que dizia toda a crítica. Só alguns anos mais tarde, com ele em grande promoção e algum dinheirinho recebido de aniversário, é que decidi experimentá-lo… e finalmente percebi porque tantos lhe chamavam o melhor jogo da Game Cube. – Telmo Couto sobre Metroid Prime Remastered, Meus Jogos

A premissa é boa. Existe aqui muito espaço para abordar até onde podem ir as consequências que nós próprios começamos a verificar já nos dias de hoje, sendo um tema bem atual. A abordagem da Mundfish também foi boa, e acho que tocaram em bons pontos, mas foi tudo um pouco manchado pela forma como escreveram o personagem principal. – Marco Almeida sobre Atomic Heart, Café Mais Geek

Agora vou passar para um trio de opiniões sobre o jogo da Guerilla, Horizon: Call of the Mountain. Mais uma vez destaco a qualidade dos textos que refletem sobre a própria realidade virtual e a necessidade que há em existir algo que venda a experiência PS VR2.

Quando estás a interagir com objetos pesados, o jogo consegue transmitir-te essa sensação. Vejamos o exemplo de empilhar pedras. Quando mais pesada é a pedra, mais difícil é de manejar. Até sentes a necessidade de pegar com as duas mãos para controlar melhor o movimento. São momentos como estes que me fazem acreditar que a realidade virtual tem um futuro. – Jorge Loureiro sobre Horizon: Call of the Mountain, Eurogamer Portugal

Se o mundo de Horizon é lindo por si, nesta nova experiência o jogador literalmente salta para o perigo das selvas e montanhas onde as tribos de humanos lutam pela sobrevivência contra as máquinas. Olhe-se em qualquer direção, para o céu ou para o solo, estamos completamente envolvidos neste mundo, que diga-se é um sonho. – Rui Parreira, sobre Horizon: Call of the Mountain, Rubber Chicken

Para lá de todas as mecânicas de jogabilidade, navegação e combate principais, Horizon Call of the Mountain está minado de pequenos momentos e de oportunidades para experimentar algo novo. Até coisas simples, como os movimentos das nossas mãos – que replicam os nossos dedos na vida real –, são uma surpresa agradável graças aos sensores hápticos dos comandos. – David Fialho sobre Horizon: Call of the Mountain, Echo Boomer

Esta semana também houve tempo para se escrever sobre temas variados no Rubber Chicken e no Glitch Effect (os meus sites de eleição) – mesmo escrevendo no primeiro, não tenho problema algum em afirmá-lo. É pena que não haja uma aposta maior na elaboração deste tipo de textos, portanto quando aparecem é bom que se leiam.

Tudo isto para dizer que: os videojogos também são eles um veículo de transmissão cultural importante, com imagens, ideias e conceitos que têm vindo a ser passados de geração em geração, atingindo assim a outro palco e difusão. – Inferno: o peso dos videojogos na manifestação desse “mundo” por Francisco Isaac, Glitch Effect

(…) a verdade é que cada vez mais a escolha entre jogos independentes está pejada de clones que, por vezes, são cópias descaradas do jogo que tentam imitar. – O cansaço da cópia por Gonçalo Carvalho, Rubber Chicken

Sim, FIFA Street só por cima era uma experiência desportiva digital apaixonante, flamejada pelos panna na na ou nutmegs, sem esquecer os pot of gold (passar a bola por cima com ajuda do calcanhar) ou ZZ 360 (uma volta completa com uma nota acrescentada por Zinedine Zidane), com os vários destinos a oferecerem um cenário pulsante e místico, adicionando ainda a presença das “estrelas” de várias gerações prontos para jogar com ou contra o utilizador. – FIFA Street e um regressar à toada (musical) de 2006 por Francisco Isaac, Glitch Effect

Acabo esta quinta edição do Videojogos: Boas Leituras com os jogos indie, obras que merecem o nosso espaço e atenção, felizmente, no Meus Jogos foram avaliados um bom punhado deles esta semana.

Os combates são tão problemáticos que a árvore de atributos procura oferecer aos jogadores soluções rápidas para a inúmeras questões que nascem da jogabilidade. Em vez de desbloquearmos habilidades que adicionam novas camadas de diversão e estratégia à jogabilidade, que podiam tornar-se essenciais para as restantes dificuldades do jogo, estamos antes a aceder a opções que tornam a campanha tolerável o suficiente para tentarmos chegar ao fim. – João Canelo sobre Wanted: Dead, Echo Boomer

Antes de o descrever em detalhe, é um enorme elogio que teço ao afirmar que Vengeful Guardian: Moonrider conseguiu levar-me de volta ao Verão de 1994, quando o meu vizinho me emprestou a sua Mega Drive para eu jogar nas férias. Há um risco em olhar para os jogos retro e mimetizá-los como se estivéssemos a utilizar papel-químico. – Ricardo Correia sobre Vengeful Guardian: Moonrider, Rubber Chicken

Algo extremamente agradável neste jogo é a forma como conseguiram emular todo o ambiente do planeta Marte. Paisagens lindíssimas e fielmente apresentadas de acordo com o conhecimento que temos do planeta. Sentimos que estamos num planeta diferente, hostil e onde o próprio vazio característico dos desertos de Marte serve de catalisador emocional e nos faz sentir verdadeiramente sozinhos. – Gonçalo Martins sobre Deliver Us Mars, Meus Jogos

Para ouvir

Vejam isto

- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados

Mais recentes