Super Bock Super Rock Dia 2 – A indie pop dos Phoenix chegou ao Meco

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Depois de um dia primeiro dia esgotado, em que milhares de festivaleiros dirigiram-se ao Meco para presenciarem o concerto de Lana del Rey, o dia do meio deste Super Bock Super Rock tinha nos franceses Phoenix o nome mais sonante. Mas isso não foi suficiente para esgotar o festival, de longe. Houve sempre imenso espaço para circular. Aliás, tanto espaço livre chegou a ser desolador, dado o tamanho do recinto. Mas adiante.

Chegámos novamente a boas horas (não apanhámos quaisquer filas), pelo que foi com muita tranquilidade que chegámos ao Palco EDP, onde se encontravam Calexico and Iron & Wine, um dueto improvável entre dois projetos bem diferentes, mas que resulta na perfeição.

Naquele que foi o primeiro espetáculo desta digressão conjunta, Calexico and Iron & Wine atuaram perante uma plateia reduzida, mas atenta qb, para ouvir temas do recentemente lançado álbum Years to Burn, que surge 14 anos após o EP In The Reins.

Em palco, ambos os projetos vão alternando no que toca à interpretação das músicas. Ora Sam Beam (Iron & Wine), sempre com aquela melancolia assinalável, ora Joey Burns (Calexico), capaz de tonalidades mais quentes. No entanto, acaba por ser Sam Beam quem mais canta, sendo sempre secundado pelos Calexico. Há muito de jazz, de country e até de música mexicana aqui.

Temas como “What’s Heaven Left” ou “Boy With a Coin” receberam vários aplausos da reduzida plateia, que teve na atuação dos Calexico and Iron & Wine o momento perfeito para aquele quase pôr-do-sol.

Deste encontro improvável seguimos para o pós-punk dos Shame, que abriram o Palco Super Bock neste dia. Perante, lá está, mais uma plateia reduzida (algo comum neste Super Bock Super Rock), os Shame atuaram para este punhado de festivaleiros com a mesma pujança como se estivessem perante um recinto cheio de fãs. Formados por Charlie Steen (vocalista), Sean Coyle-Smith (guitarrista), Eddie Green (guitarrista), Josh Finerty (baixista) e Charlie Forbes (baterista), os Shame vieram ao Meco apresentar as canções do álbum de estreia, Songs of Praise, lançado no ano passado. E acabam por ser a prova viva de que o rock britânico está bem vivo.

Numa atuação que durou pelo menos uma hora (algo pouco comum para bandas que abrem palcos principais), os Shame apresentaram faixas como “Lick/Gold Hole” ou “Angie” num concerto endiabrado. Nunca se deixando amolecer perante a reduzida plateia, o vocalista Charlie Steen e, em especial, o diabólico baixista Josh Finerty, deram o litro num concerto que, para alguns, poderia soar esforçado, mas que, para outros, acabou por ser uma bela mostra das suas capacidades e das influências que foram buscar a bandas como The Fall. Esperemos que regressem, de preferência num espaço mais reduzido e com um público mais dedicado.

Seguiam-se os Capitão Fausto, no Palco EDP, que podemos dizer registaram a primeira enchente do dia. Quem já os viu sabe que, apesar da voz do vocalista Tomás Wallenstein (o próprio admite que é o que é e que não há nada a fazer), é difícil darem maus concertos. Cada vez mais distantes daqueles putos que conhecemos há uns anos (aliás, o álbum Os Capitão Fausto Têm os Dias Contados foi esclarecedor nesse sentido), a banda de Tomás Wallenstein, Manuel Palha, Domingos Coimbra, Salvador Seabra e Francisco Ferreira é um feliz caso de sucesso em Portugal, tendo criado músicas e letras inteligentes que o público facilmente começa a cantarolar.

Numa atuação que passou em retrospetiva (digamos assim, vá) todos os discos até agora lançados, os Capitão Fausto ainda ficam nervosos, mesmo a jogar em casa. Que o diga o baixista Domingos, revelando que, quanto tocaram na edição de 2012 do Super Bock Super Rock, na altura dando um dos seus primeiríssimos concertos, “estava muito nervoso. Hoje ainda estou um pouco”, com uma sinceridade assinalável. “Este gajo também está sempre nervoso”, disse, entre risos, Tomás Wallenstein.

Eles são amigos, são uma boa banda e fazem músicas do caraças. Não se pode dizer que se tenham ido reinventar muito no mais recente disco A Invenção do Dia Claro, mas é certo que existem diferenças assinaláveis entre temas como “Amanhã Tou Melhor” ou “Amor, a nossa vida”, que, neste último caso, se aproxima mais de um registo tropical e luminoso.
Foi um concerto bem bonito. Que os consigamos ver sempre que possível.

Seguimos viagem para o Palco Super Bock, mas desta vez ficámo-nos pela zona de imprensa, de onde conseguíamos ver na perfeição o concerto de Christine and the Queens. E apesar do esforço, de toda uma coreografia capaz de empolgar uns quantos, a francesa Héloise Letissier e a sua trupe apenas conseguiu converter alguns.

Com dois álbuns na bagagem (o mais recente, Chris, foi lançado no ano passado), Héloise Letissier veio bem acompanhada por uma série de bailarinos, que muitos olhos podem ter deixado arregalados. Não chegámos a tempo do início, mas reparámos que a mancha de público que via Christine and the Queens era reduzida. Ou seja, ou por indiferença ou desconhecimento, não foram muitos os festivaleiros que seguiram este projeto francês.

A fazer lembrar um funk dançável dos anos 80 (uns pozinhos de Michael Jackson e Prince aqui e acolá), Héloise Letissier fez desfilar temas como “iT”, “Goya! Soda!” ou “Saint Claude”, e foi, acima de tudo, muito faladora e irrequieta. E nós gostámos disso. Em Portugal pode não ter tido o melhor público, mas, lá fora, andam a dar-lhe a devida atenção. E ainda bem.

Fomos novamente para o Palco EDP, para mais um projeto francês (presença francesa bem forte neste dia). Desta vez, íamos à descoberta de Charlotte Gainsbourg, cantora, também atriz, que muitos mais devem conhecer de filmes como Ninfomaníaca. E foi uma bela surpresa.

Confessamos que não conhecíamos muito da discografia de Charlotte Gainsbourg, pelo que ficámos aguardados assim que começámos a ouvir uma eletrónica que vai embeber muitas influêncais aos Daft Punk e Justice, só para citar alguns. Pouco original? Talvez, mas a fórmula funciona.

Sempre discreta, na sua já conhecida figura alta e esguia, a cantora e atriz franco-inglesa, ora ao piano elétrico, ora em pé, foi-nos apresentando temas como “Heaven Can Wait”, “Sylvia Says” ou “Bombs Away”, sempre iluminada por uma série de neons expostos em palco. Há na música de Charlotte Gainsbourg toda uma estética revivalista, quiçá cinematica, pelo que, mesmo com os poucos aplausos que ia recebendo, acabou por transforar o Palco EDP numa pista de dança. Esperamos voltar a vê-la.

Seguia-se os Phoenix, cabeças-de-cartaz deste segundo dia do Super Bock Super Rock. Foi um concerto competente, sem falhas, mas não foi muito mais que isso, pelo que não foi o suficiente para lotar o Meco. Novamente, de realçar o imenso espaço vazio no recinto. É preocupante.

Os Phoenix chegavam a Portugal para dar aquele que seria o último concerto da atual digressão. Cansaço? Até poderiam ter algum, mas isso não se fez notar. Thomas Mars e companhia começaram com “J-Boy”, do mais recente Ti Amo, mas logo gastaram dois trunfos de bandeja, “Entertainment” e “Lisztomania”, recuperados a Bankrupt! e Wolfgang Amadeus Phoenix, respetivamente.

Agradecendo a presença de todos por verem a banda (presença assídua em festivais nacionais), foi no final que Mars desceu à plateia, cumprimentando uns quantos, mas aproveitando, também, para fazer crowdsurfing e beber uns copos (não se sabe o quê ao certo).

Terminada a festa, fica sempre aquela sensação que os Phoenix funcionaram melhor como banda introdutória para um verdadeiro cabeça-de-cartaz neste dia.

Aproveitámos o final do concerto para aconchegar o estômago com a ceia, pelo que por ali ficámos para Kaytranada. Não agradados com o formato apresentado (afinal, que sentido faz um Dj set no palco principal?), logo fomos até ao Palco Somersby, para, durante uns minutos, apreciarmos a atuação dos Ezra Collective.

Contrariamente ao que tinha acontecido com outros nomes que por ali passaram, como Conan Osiris ou Roosevelt, a banda teve o “azar” de tocar ao mesmo tempo que Kaytranada, fazendo com que a tenda fosse demasiado grande para tão pouca gente a assistir. Ainda assim, o som que produzem, que mistura jazz com afrobeat e hip-hop, foi música para os nossos ouvidos.

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