Peter Hook & The Light evocaram o repertório de Substance em Lisboa

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O ano de 2019 é de sorte para os admiradores de Joy Division e New Order.

Estão a perguntar-se se o ex-baixista e os New Order (Bernard Sumner, Stephen Morris e Gillian Gilbert) se reconciliaram após anos de discussões? Not really. O divórcio parece definitivo e irreversível. Mas as boas notícias não faltam: um duplo encontro que vê a banda de Manchester como cabeça de cartaz no dia 15 de agosto no festival Vodafone Paredes de Coura e os Peter Hook & The Light em três concertos em Portugal (Lisboa, Guarda e Porto).

No passado dia 12 de abril, na Aula Magna, em Lisboa, Peter Hook & The Light reiteraram o repertório dos Joy Division e dos New Order, focalizando-se, em particular, no álbum Substance (duas coletâneas dos temas das bandas: o primeiro saído em agosto de 1987 e relacionado aos New Order; o segundo aos singles dos Joy Division com mais quatro músicas nunca publicadas nos álbuns Transmission, Komakino, Love Will Tear Us Apart e Atmosphere).

Na grande sala universitária, o ex-baixista inglês deu uma aula de história da música através de um compêndio de mais de duas horas de todas as maiores faixas das bandas de Manchester. E realizou, assim, “dois concertos”.

Após a ação judicial contra os New Order pelo aproveitamento dos direitos de imagens e musicais e das royalties, Hook fundou os The Light em 2010, por ocasião dos 30 anos da morte do cantor dos Joy Division, Ian Curtis (em 1980), com a intenção de reinterpretrar uma parte importante das obras das suas bandas passadas.

Do post-punk até à dance alternativa, a herança musical das bandas inglesas é indelével. Uma memória histórica a defender, como o próprio Hook já disse várias vezes, falando de uma “responsabilidade” para com o público.

Na setlist da passada sexta-feira, além das faixas de Substance, não faltaram as surpresas, logo desde o início com “Regret” (de 1993 e contida no disco Republic) e com “Procession”, do álbum Movement (1981). A partir daqui, Substance foi apresentado na íntegra (com as faixas em sequência assim como o álbum): o incipit do baixo de “Ceremony” e as inesquecíveis, entre todos, “Tempation” e “Blue Monday”, até à tríade final de “State of the Nation”, “Bizzarre Love Triangle” e “True Faith”.

O público não permaneceu sentadinho e dançou os velhos sucessos dos New Order. Apesar de tudo, os arranjos musicais foram pouco procurados e deixou-se muito espaço para os presets originais. O volume da voz, porém, talvez tivesse estado baixo aqui e ali. Mas pouco importou.

O britânico pregou-nos uma partida, abandonando o palco por quase dez minutos e deixando o público baralhado sobre a possibilidade de um encore. Quando a banda voltou, iniciou, na verdade, um outro concerto, onde estava prevista uma parte “Joy Division”. Um concerto mais intenso e mais convincente do ponto de vista da intensidade musical, onde os riffs reconhecíveis do baixo de Hook são incisivos e mais punk, como no início da sombria “Day of the Lords”, juntamente com “Colony” e “Shadowplay”, três faixas que não estávamos mesmo à espera, até que o Substance dos Joy Division foi tocado integralmente: “Warsaw”, “Leaders” of the Man” e “Digital”, num crescendo final de obras primas: “Transmission”, “She’s Lost Control”, “Incubation”, “Dead Souls”, com Atmosphere, e, obviamente, “Love Will Tear Us Apart” a fechar.

A memória e a identidade histórica foram defendidas. Peter Hook prestou a sua homenagem e nós também. É pena não podermos mais acreditar nas pazes entre Peter Hook e os New Order, mas o ex-baixista fez o seu papel. Agora, ficamos à espera da “resposta” da banda de Manchester no Festival Vodafone Paredes de Coura.

Fotos de: João Furtado

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