Herman José no Coliseu dos Recreios – Coração Panorâmico

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Há coisas giras, como diria o outro. Ou curiosas, pelo menos, como o facto de ser apenas em 2019 que Herman José atuou pela primeira vez em nome próprio no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, aos 12 de abril do ano da graça de 2019. Isto sem contar, por exemplo, com a atuação no Coliseu do Porto em 2016, por alturas da comemoração dos seus 40 anos de carreira.

À capital chegou assim Herman de Big Band em ris-te, um espectáculo em modo best of, onde não faltou “Amanhã Faço Dieta”, o single do seu último trabalho, que estava, aliás, à venda a preço muito jeitoso. Com sala repleta e muitas figuras públicas à mistura – Manuel Luís Goucha e o gosto ao nível de casacos foi especialmente visado -, estávamos em noite de festa, tanta que justificou data adicional para a sala mais emblemática de Lisboa.

E o que é Herman José em modo espetáculo ao vivo hoje em dia? Acompanhado pelo fiel maestro Pedro Duarte e diversos músicos e bailarinas, existe aqui uma componente musical forte, com passagem pelo primeiro êxito a solo, “Saca o Saca-Rolhas”, bem como pela dupla Senhor Feliz e Senhor Contente, na primeira homenagem da noite, ao essencial Nicolau Breyner, até a diversas apontamentos de humor, e à partilha de várias histórias de carreira. Apenas o Herman poderia fazer um espetáculo assim. Inadejetivável, como diria João Bénard da Costa.

E Herman faz humor mil folhas muito bem, hoje em dia, com piadas que se desmontam em referências várias para todos os públicos. Se há quem sinta falta de um humor mais Humor de Perdição ou Crime da Pensão Estrelinha, e o escriba sentiu, há muito quem se tenha rido de muitas da piadas ditas. Está certo, portanto. Além de que, quem conta a história da estreia nos espetáculos ao vivo na boite D. Luís no Porto, em que empresários se encontram como meninas do lado de lá da cortina de ferro daquela maneira, merece tudo.

As homenagens foram muitas. Para além de Nico, Carlos Paião, Rosa Lobato de Faria (com dedicatória ao único tema romântico por si cantado, “Podia Acabar o Mundo”), ou Dina e as suas memórias televisivas com Tony Silva, vários foram os nomes citados e musicalmente referidos.

A história de Herman é larga e vai até um tempo onde se partilhava um palco com figuras como Francisco José e a sua placa fugidia, ou Hermínia Silva e a sua falta de paciência para decorar letras, dando-lhe, assim, uma profundidade única e uma ligação do público a um certo tipo de mundo de espetáculo. Nota ainda para a presença, demasiado fugidia, do grande José Estebes, agora vendedor de bimbies, bem como do verdadeiro artista Serafim Saudade.

Tivemos assim direito a um sortido rico de quatro décadas de carreira de um performer especial. Demorou a espera, mas foi bonita a festa, pá.

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