Crítica – Spider-Man: Far From Home

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Após os eventos de Avengers: Endgame, Spider-Man vê-se obrigado a dar um passo em frente e encarar novas ameaças num mundo que mudou para sempre. Spider-Man: Far From Home é a sequela de Spider-Man: Homecoming e o último filme da Infinity Saga do Universo Cinemático da Marvel.

Em primeiro lugar, esta é uma crítica sem spoilers de Far From Home, mas não de Avengers: Endgame! Logo, se os leitores ainda não assistiram a este último, fica um AVISO DE SPOILER para os eventos dessa película climática. Voltando ao web-slinger, esta sequela é tudo aquilo que deveria ser e um pouco mais. Encapsula lindamente os sentimentos de todos sobre a morte central de Endgame, especialmente de Peter Parker. Desejava que Jon Watts se focasse na dor do Spider-Man e esperava que uma grande parte do enredo fosse apenas ele ter que lidar com o facto de que a sua figura paternal não está mais presente. Não pode continuar a ser o “friendly neighborhood Spider-Man“. Precisa de crescer e de se tornar o que se espera dele: ser o melhor de todos.

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Watts faz tudo isso. Há tantos diálogos emocionalmente poderosos com Nick Fury ou Happy (Jon Favreau) ou até momentos com apenas Tom Holland a ter que parar para respirar através da dor de perder alguém que ama. A pressão que todos estão a colocar nos seus ombros é imensa, talvez demais para um simples adolescente, mas ele é tudo menos simples. Cada pedaço de história dedicado a Peter e Tony Stark (Robert Downey Jr.) é absolutamente fantástico. Chris McKenna e Erik Sommers escreveram uma história maravilhosa e Jon Watts executou-a sem problemas. No entanto, a razão pela qual tudo isto funciona é devido ao desempenho de Tom Holland.

Recentemente, o jovem ator disse numa entrevista que, no que dependesse dele, interpretaria Spider-Man até não conseguir mais ou até os produtores o deixarem. Espero que continue por muitos mais anos. Não só é o melhor Spider-Man no cinema de sempre, mas também o melhor Peter Parker. A forma como passa a maior parte do filme aguentando os seus sentimentos e, no último ato, explode da maneira que explodiu… Deixa os olhos a lacrimejar na melhor cena do filme, um simples diálogo com Happy. Como um super-herói, incorpora perfeitamente tudo aquilo que o Spidey é e Holland tem ainda a vantagem de fazer a maioria das suas stunts de ação. Como um adolescente, é incrivelmente engraçado, inocente e ainda não sabe como lidar com o estar apaixonado, o que nos leva à segunda das três histórias principais: a sua relação com MJ.

Zendaya teve algumas críticas de fãs que, bem, não gostaram do facto de MJ não ser a mesma que na trilogia original de Sam Raimi (fisicamente e psicologicamente). Também Holland e o facto deste Spider-Man ter muito mais “gadgets” do que o de Tobey Maguire não é consensual. Para essas pessoas, fica um conselho: há que entender que este é um universo distinto, com diferentes visões daquilo que são as personagens que conhecemos e com outras histórias que até são as mais próximas que alguma vez estivemos das bandas desenhadas. Quanto mais cedo aceitarem isto, mais fácil será desfrutarem destes filmes pelo que realmente são. Tendo isto em mente, MJ não teve muito que fazer em Homecoming. Na verdade, a jovem foi mesmo jogada como um twist pós-créditos para que a sequela se pudesse focar mais nela… e assim foi.

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A relação entre os dois pombos evolui gradualmente durante todo o filme calmamente e realisticamente. São adolescentes! Primeira paixão, tentam esperar por aquele momento e lugar perfeitos para dizer que gostam um do outro, estão nervosos quando estão juntos e ansiosos quando estão separados… Watts lidou com esta sub-narrativa muito bem. Não parece forçada (as comédias românticas deviam tirar algumas dicas), a química entre Zendaya e Holland é palpável e esta nova MJ é espetacular. A maioria das mais-que-tudo dos super-heróis costumam ser o clichê “donzela em perigo“, sempre a precisar de salvamento e a tomarem decisões pouco lógicas. Esta MJ não só sabe safar-se sozinha, como tem uma personalidade única que faz com que se destaque.

Finalmente, o terceiro e último enredo assenta-se em Mysterio (Jake Gyllenhaal). Não consigo aprofundar muito sobre esta personagem, pois tem um enorme impacto na narrativa, mas posso garantir que Gyllenhaal faz a personagem funcionar. A abordagem a Mysterio não é má, mas se não fosse o ator notável que Gyllenhaal é, Far From Home teria sofrido um pouco. A relação entre ele e Spider-Man é bem desenvolvida, mas Mysterio merecia melhor tratamento. Há um despejo de exposição a meio do filme que é simplesmente horrível. Muito, muito mau. No entanto, o filme segue em frente e fica melhor até atingir os últimos 45 minutos, que são inacreditáveis.

É sempre preferível um começo lento e um final fantástico do que ao contrário. Far From Home tem problemas com o ritmo dos dois primeiros atos, mas o último compensa com uma das melhores ações que um filme do Spider-Man alguma vez teve! Existem tantas sequências onde os nossos super-heróis estão a voar e a balançar através de edifícios, pontes e rios como já vimos, só que em melhor. O CGI parecia que poderia ser excessivo nos trailers, mas, em vez disso, é um dos melhores que a Marvel já nos mostrou. No entanto, as cenas de fazer cair o queixo são umas que envolvem ilusões, muito parecidas com as que Dr. Strange (Benedict Cumberbatch) teve no seu filme de origem. Spider-Man tem duas sequências memoráveis (os VFX aqui são impressionantes), uma das quais incorpora um certo super-poder nunca visto na MCU, até agora (oficialmente, pelo menos). A criança em mim sorriu com pura alegria.

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Está taco-a-taco com Homecoming. Um é melhor que o outro em várias áreas, mas são extremamente diferentes, logo compará-los poderá ser injusto. O primeiro teve o objetivo de introduzir uma personagem “nova” na MCU, logo o foco principal esteve em Peter Parker aprender a usar os seus poderes da forma mais eficiente e sendo o tal “friendly neighborhood Spider-Man“. Esta sequela está definida tão longe da história de origem e aconteceu tanta coisa entre estes dois que, se as pessoas assistirem aos dois filmes consecutivamente, não entenderiam muito do que se está a passar. No entanto, Far From Home ainda tem os seus próprios problemas.

Tal como escrevi acima, os dois primeiros atos lutam com o seu ritmo. Apesar de ser refrescante vermos Spider-Man noutras cidades para além de New York, as transições entre estas são ridiculamente rápidas, especialmente uma que leva Peter Parker para outro país de forma absurda. O filme tenta lidar com estes momentos menos racionais com bocados de comédia frequentemente e, às vezes, não funciona, afetando tanto o tom como o ritmo. Ned (Jacob Batalon) foi bastante divertido em Homecoming e a sua presença volta a ser engraçada, mas desta vez serviu mais como comic relief em vez de ser o “sidekick” essencial de Spider-Man. A banda sonora de Michael Giacchino é boa, mas, por alguma razão, não consegui conetar-me com a música, algo inédito com os temas de Giacchino. Finalmente, a comédia podia ser melhor. Não acertam assim tantas vezes e a cena supostamente engraçada de que mais me recordo é, de longe, a pior.

No final, é uma explosão de entretenimento! Far From Home parece ligeiramente superior a Homecoming, visto que lida com uma história muito mais complexa e emocionalmente convincente do que o filme de origem. A ação é das melhores da MCU e é, definitivamente, tão espetacular quanto a melhor ação do Spider-Man de sempre, com algumas sequências alucinantes e surpreendentes.

O elenco é brilhante, especialmente Tom Holland, que cimenta o seu lugar como o melhor Spider-Man no cinema de sempre. Zendaya e Jon Favreau também são incríveis, mas há que elogiar o desempenho de Jake Gyllenhaal porque ele é simplesmente fenomenal. É o filme que a MCU precisava após os acontecimentos trágicos de Endgame. Funciona porque sentimos aquilo que Peter Parker sente e podemos lidar com a nossa tristeza com esta aventura do Spider-Man.

Tirando alguns pequenos problemas relacionados com o ritmo, comédia e exposição, o último ato, mais as duas cenas pós-créditos, que têm um impacto tremendo no filme e no que está por vir na Quarta Fase, são mais do que suficientes para irem ver este filme ao cinema. Não percam!

4 Estrelas
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