Crítica – “Dark Phoenix”

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Esta é a história de uma das personagens mais amadas dos X-Men, Jean Grey, enquanto esta evolui para a icónica Fénix Negra. Durante uma arriscada missão de resgate no espaço, Jean é atingida por uma força cósmica que a transforma no mais poderoso mutante de todos. Enquanto tenta conter a instabilidade desse poder, e também lidar com seus próprios demónios, Jean perde o controlo, quebrando os laços da família X-Men e ameaçando destruir o próprio planeta.

É o culminar de 20 anos de filmes X-Men, em que a família de mutantes que conhecemos e amamos vai enfrentar o seu mais devastador inimigo – um dos seus.

Honestamente, vou direto ao assunto e tentar não desperdiçar o tempo de nenhum leitor, pois é precisamente isso que Dark Phoenix faz. Claramente, ninguém na equipa de produção se importou com este filme. Agora, depois de assistir, é muito fácil de entender as razões por trás dos atrasos constantes e a pobre campanha de marketing (mal se viu a divulgação deste blockbuster).

Não é um desastre completo, não é uma trapalhada absoluta, mas o terceiro ato é uma facada no coração de todos os fãs. Literalmente, um dos finais mais abruptos dos últimos anos. Dá para sentir um produtor a entrar na sala e a dizer algo do género: “Vamos lá apressar isto, a Marvel Cinematic Universe está prestes a chegar, nada do que fizermos aqui importa.”

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Não é preciso esconder. É verdade. Não importa o quão incrível ou horrível esta película acabasse por ser, não iria realmente importar, o que é, provavelmente, o aspeto mais negativo desta fusão Disney-Fox. Days Of Future Past é, indiscutivelmente, uma das melhores parcelas do universo X-Men, mas Apocalypse e Dark Phoenix acabam por se tornar em perdas de tempo, pois nunca conseguiram explorar o que os eventos das viagens temporais realmente alteraram.

No entanto, o tempo acabou e um reboot completo está para vir. O primeiro ato é genuinamente notável. Há um investimento tanto na história como nas personagens, uma cativação profunda pelo que estavam a fazer e a banda sonora de Hans Zimmer eleva uma sequência específica que, em IMAX, mostra a qualidade visual e sonora fenomenal.

Até metade da duração, até é um filme bem escrito, bem realizado e emocionante (com problemas menores ocasionais). No entanto, depois de um plot point arriscado mas convincente, Simon Kinberg aniquilou tudo aquilo que vinha a trabalhar até ali. A partir deste momento, é possível sentir o tal contrato dos estúdios a ser assinado e todos os que estava a trabalhar neste filme a simplesmente desistir.

A escrita torna-se algo atroz, decidem colocar um dos vilões mais irrelevantes e esquecíveis da saga inteira com um papel importante (parecia que as adaptações de comic-books já tinham ultrapassado o cliché de “somos vilões porque somos maus”), personagens-chave para o equilíbrio do tom e ritmo da narrativa como Quiksilver (Evan Peters) mal entram no filme (de que serviu o build-up do seu relacionamento com o seu pai se nunca mais abordam esse tema?) e o final dura cerca de três minutos. Três. Neste período de tempo, tentam fazer o equivalente da última hora de Avengers: Endgame. Imaginem a hora épica de batalhas climáticas esmagadas em poucos minutos…

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O elenco tenta de tudo, há que admitir. Sophie Turner carrega este filme com um desempenho tão emocionalmente poderoso que, só por ela, quase que o filme merece uma crítica positiva. James McAvoy (Professor Charles Xavier) continua a sua série de performances impressionantes, Michael Fassbender é magnífico como Magneto e Jennifer Lawrence (Mystique) não tem muito para fazer. Nicholas Hoult (Beast) é uma surpresa agradável, mas Jessica Chastain (Smith) é a única exceção daqui. Nunca se sentiu qualquer interesse por parte da atriz em entrar num filme de super-heróis e, honestamente, isso mostra-se perfeitamente.

Definitivamente, Chastain é aquela que menos se importava com o resultado deste filme, daí a mesma apenas oferecer um desempenho unidimensional para uma vilã bastante má (e não no bom sentido).

O argumento é preenchido com personagens que tomam decisões pouco caraterísticas e cenas de exposição que não fazem justiça nenhuma às backstories convincentes. Apesar disso, existe sempre a necessidade de voltar ao final. É preferível ter um início lento, mas um fim forte do que ao contrário. Dark Phoenix tem um ritmo rápido, divertido e cativante durante o primeiro ato, mas lentamente começa a degradar-se até culminar num dos piores terceiros atos da saga. Claro, a ação é muita e até é muito bem filmada, mas tudo termina tão rapidamente que mal há tempo suficiente para apreciá-la. Se não fosse a banda sonora de Hans Zimmer, que prega a audiência ao ecrã, o cérebro teria-se desligado antes dos créditos aparecerem.

É uma pena que uma franchise tão adorada como a dos X-Men tenha que acabar assim. Simon Kinberg, sabendo que a fusão dos estúdios ia acontecer, deveria ter alterado a última metade e arriscar muito mais. Se o filme realmente não importava, então deveria ter tentado fazer algo que nunca foi feito antes e ir all-out. Se falhar, falhou, mas pelo menos teria sido lembrado como um filme corajoso e poderoso. Desta forma, não só é uma culminação dececionante para uma saga de 20 anos, mas é esquecível. Nem é má o suficiente para as pessoas se lembrarem do quão horrível foi. Se eles não se importam, como podem pedir ao público para o fazer por eles?

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Concluindo, Dark Phoenix acaba por ser tudo aquilo que se temia: um filme que não importa, de todo. Um que nem sequer tenta homenagear uma saga extraordinária que influenciou notavelmente o género em que se insere. Infelizmente, facilmente se imagina o quão fantástico poderia ter sido, pois o elenco é perfeito (Sophie Turner brilha), a banda sonora de Hans Zimmer eleva qualquer cena e a ação é entusiasmante. O pior sentimento que um fã pode ter é a deceção com a forma como o filme acabou por ser realizado misturada com a frustração devido ao quão bem um fã consegue imaginar o quão impressionante o filme poderia ter sido.

No entanto, uma narrativa cheia de falhas, com um vilão horrivelmente escrito e decisões questionáveis por parte de algumas personagens, estragam esses sonhos. Com um dos finais mais abruptos dos últimos anos, X-Men termina como uma franchise isolada e descansa agora as suas esperanças sobre Kevin Feige e a Marvel, e que a MCU faça justiça aos mutantes.

P.S.: Depois de assistir a Dark Phoenix, tenho de aconselhar os leitores a não assistirem a um único trailer. Especialmente o primeiro! Não se consegue entender como é que alguém aprova trailers tão carregados de spoilers como estes. Inacreditável. Fica o aviso.

Nota: 2.5 Estrelas

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