A Trindade da cerveja: Áurea, Fenix e Profana

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A cervejaria Trindade vai voltar a ser cervejeira. No coração da Lisboa gentrificada vai-se agora produzir cerveja enquanto se aproveita o espaço integrado na produção para workshops e apoio ao empreendorismo na área de food and beverages. Com esplanada.

“Queres cobrir o lançamento de uma cerveja? Vão haver comes e bebes.” Boom, motivação. Aceite de imediato. O convite, informações do local e da cerveja chegaram depois: Trindade, iconografia maçónica e português de há uns cinco acordos ortográficos atrás. Local, Rua Nova da Trindade.

Chamei reforços e saí lançadíssimo, numa mistura de saudosismo – pelos tempos em que me mandava para o Bairro às quintas – com alguma perplexidade. A cervejaria Trindade ia voltar a ser cervejeira? Um evento de lançamento na Cervejaria Trindade, com a restauração a decorrer em paralelo? Onde é que iam produzir a cerveja? Que variedades e qual o grau de experimentalismo desta recém-chegada às craft beers? Vou ver tipos de avental e martelo na mão ao lado ao lado dos turistas de naperon e martelo de sapateira? Serão maçons a sério ou cosplayers de maçons?

Saí lançadíssimo, mas cheguei atrasado e desapontado. Não consegui estacionar o carro no parque de estacionamento da Trindade, pois tenho uma banheira de 4,60 m em vez do citadino “emprestado” da minha mãe. Os únicos martelos que vi na cervejaria Trindade eram da mesa de asiáticos que pareciam estar a lanchar uma família de lavagantes; o meu reforço estava perdido numa paralela algures –  eu também, visto que o evento de lançamento era na porta ao lado.

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Faço notar a importância do meu reforço. Além de ter uma licenciatura em fotografia, tem um palato muito peluliar. Come esparguete cozido sem nada a acompanhar e as únicas cervejas que gosta são as pale laguer / pilsener aguadas de marca nacional, que se contrapõe à minha paixão aos sabores do mês da Dois Corvos. A apresentação já estava a começar e decidi entrar sozinho. E as fotos ficaram uma trampa, outra vez.

Continuava sem saber quantas cervejas eram, onde eram feitas e ondem se podiam comprar,  até que o Diogo Vinagre da Hoppy House mostrou o jogo: uma cerveja de trigo, leve e ideal para escrever crónicas jornalísticas às duas da manhã, uma Viena Lagger e uma Indian Pale Ale. Fénix, Àurea e Profana. Feitas ali. No número 20 da Rua Nova da Trindade.

  • Cerveja Trindade Profana:  India Pale Ale, com 6,5% de volume alcoólico. De côr alaranjada, amargor intenso, balanceado com um corpo médio, esta cerveja tem um acentuado aroma a lúpulo com notas frutadadas e de pinho. Deve ser consumida entre 4º a 7º C e é indicada para food pairing com churrasco, pratos condimentos e comida picante.
  • Cerveja Trindade Áurea: Vienna Lager, com 5,2% de volume alcoólico. De côr ambar, corpo médio e ligeiro amargor, as notas de caramelo conferem um final de boca ligeiramente doce. Deve ser consumida entre 3º a 6º C e é indicada para food pairing com carnes grelhadas, queijo e comidas condimentadas.
  • Cerveja Trindade Fénix: American Wheat, com 5,6% de volume alcoólico. De côr palha dourada, turva e baixo amargor, esta cerveja apresenta um corpo leve e aroma lupulado e cítrico. Deve ser consumida entre 4º a 7º C e é indicada para food pairing com saladas e peixe.

À sede da Hoppy House e ao equipamento de brewing soma-se uma esplanada interior e espaços de dinamização da atividade de food and beverages. A Cerveja Trindade está disponível nas suas três variantes em pontos de venda da cidade de Lisboa e, gradualmente,  será disponibilizada em pontos de venda especializados em cerveja artesanal do país, nos formatos barril de 20L e garrafa de 33 cl.

As cervejas são de um palato moderado – a Àurea e a Profana passaram pelo crivo do meu reforço, que nem deu pelo “torrado” esperado da Àurea, e ambos achámos a Profana pouco floral (algumas IPAs fazem-me desconfiar que o meu copo foi minado com gengibre). Faço notar para os apreciadores da cerveja de trigo que a Fénix é bastante diferente das Weiss a que estamos habituados – muito mais leve e cítrica. Todas parecem ter sido desenhadas para agradar ao generalista, e não há nada de errado com isso. Os aventureiros estão já mais que bem servidos nos atuais combos de brewery + tastery espalhados por Lisboa.

Resta-nos apenas aguardar pela abertura do espaço ao público e de homens de avental e martelo em mão deambulando pelo edifício, a murmurar cânticos secretos.

Texto por: Ricardo Silvestre

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