B Fachada no Jameson Urban Routes – É uma loucura portuguesa, com certeza

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Foi esta sexta-feira, dia 26 de outubro, que a pequena sala do MusicBox acolheu a apresentação da nova e reeditada versão do EP de 2008, Viola Braguesa, do cantautor B Fachada – um dos nomes mais conceituados no panorama musical português e de grande destaque na imprensa.

Segundo o artista, este foi o EP que o lançou verdadeiramente na carreira musical, e que, segundo o mesmo em entrevista para a imprensa, “lhe devolveu o amor que lhe pôs com a profissão que depois lhe coube professar os anos seguintes”, apesar de ter tido já lançado três EPs, menos conhecidos, antes. E é este amor devolvido, esta paixão, que vemos em palco, com Bernardo Cruz Fachada, encarnado na personagem de seu nome artístico B Fachada, sob um foco de luz no palco do MusicBox. Apenas ele, a sua viola braguesa, e um grupo consistente de fãs que o apoiavam com assobios e devolviam risos genuínos às piadas que o artista foi lançando – inclusivamente, private jokes que apenas os fãs mais acérrimos de facto percebiam.

Muito presente nos temas deste EP, mas não só – acaba por ser um efeito transversal e presente um pouco por todos os seus álbuns, aos quais foi buscar alguns temas para intercalar com os de Viola Braguesa, como “Boa Nova”, “Mano” e “Há Festa na Moradia” – as canções de B Fachada são uma mistura perfeita entre música urbana e música tradicional. Entre o rústico e o moderno, recicla mas preserva as sonoridades (e mensagens) mais típicas portuguesas, em temas como “Tradição”, na qual canta “Nestes dias tive tempo p’ra pensar/ Se a tradição estará mesmo para acabar / E cheguei à conclusão fundamental / Que nesta história da canção tradicional / É bonita ouvi-la vir de alheia mão / Mas mais bonito ainda é vir do próprio coração”.

B Fachada
Foto: Ana Viotti

Numa onda folk urbana muito própria do artista, os temas variam entre canções alegres com toques de folclore e bonitas baladas como “Balada à Mariana”. Sempre com um ar meio lunático, meio tresloucado, por vezes frenético, B Fachada deixa claramente transparecer a genialidade subtil que existe naquela mente. Exemplo perfeito disso são as letras, do mais criativo, engenhoso e até mesmo surreal que há. A forma como toca e agarra a sua guitarra, a sua viola braguesa, numa entrega completa, prendem o olhar do público em temas como “Amor de Mãe” e “Canção da Mimi”.

Para além de temas originais, o público pôde também contar com covers de músicas conhecidas, como “Branca” (de Pega Monstro), “Tecto na Montanha” e “Os Fantoches de Kissinger” (ambas de José Afonso). A poucas músicas de terminar, e em mais um momento de interação com o público, Fachada prepara-se para dizer que “está quase a acabar”, quando um grupo de fãs se insurge no meio da multidão e pede pel”A Joana Transmontana” – uma das suas canções mais conhecidas. Como quem tem planeado para mais tarde mas decide antecipar o momento, o artista acaba por ceder “Vá, ok, agora pode ser essa” e de forma espontânea mete então todo o público a cantar ávida e animadamente “Com tanta gente que passou pela tal Joana, cadê poetas para cantar a Transmontana?”.

E é com esta que dá o concerto por terminado, e se retira, mas o público não cede, como poderia ficar por aqui? Fachada volta, para um encore com os também conhecidos temas “O Fim” e “Mana”. Despede-se com um sorriso rasgado, um obrigado sincero, e um gesto de adeus, tão português, como ele.

Foto de destaque: Ana Viotti


 

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